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Tumulto causado por prisão de ativista deixa dezenas de feridos na Rússia

Líder do movimento Bashkort, considerado extremista pelo governo russo, Fail Alsynov foi condenado a quatro anos de prisão por 'incitar ódio étnico'

Por Da Redação
Atualizado em 7 Maio 2024, 16h20 - Publicado em 17 jan 2024, 12h13
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  • A polícia de choque da Rússia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes nesta quarta-feira, 17, após o anúncio de que o ativista Fail Alsynov foi condenado a quatro anos de prisão por “incitação ao ódio étnico”. Seus defensores, que também foram agredidos com cassetetes, entraram em confronto com os agentes de segurança na divisão federal russa Bashkortostan, próxima à fronteira com o Cazaquistão.

    Sob temperaturas congelantes, de 20ºC negativos, milhares de manifestantes se reuniram em frente ao tribunal da cidade de Baymak, quando a pena de Alsynov foi anunciada. O tumulto deixou dezenas de feridos e muitos foram detidos, segundo o grupo de monitoramento OVD-Info, que também informou que uma pessoa teve a “cabeça esmagada”.

    Cenas caóticas

    Segundo a emissora britânica BBC, testemunhas relataram que parte dos manifestantes tentou bloquear as portas da corte e que os serviços de internet foram interrompidos na região. Alguns estariam portando “objetos como armas”, alegaram autoridades russas, outros jogavam bolas de neve contra os policiais, que formaram fileiras com seus escudos para se protegerem e barrarem a passagem.

    Como consequência, foi aberta uma investigação contra os participantes do protesto sob acusação de “tumultos em massa”, com pena de até 15 anos de prisão. Depois de instaurado o caos, o ministro do Interior de Bashkortostan, Rafail Divayev, chegou a aconselhar os ativistas a “recobrarem o juízo e não arruinarem suas vidas”. 

    https://x.com/visegrad24/status/1747538645890797722?s=20

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    Caso Alsynov

    Fail Alsynov é um dos líderes do Bashkort, um movimento popular voltado para a preservação da identidade étnica dos Bashkirs, um grupo que foi taxado de extremista em 2020 pelo governo russo. Algumas denúncias apontam que essa parcela da população estaria sendo desproporcionalmente levada para lutar na Ucrânia.

    A condenação do ativista nesta quarta-feira faz referência a um episódio de abril de 2023. Na ocasião, Alsynov teria insultado imigrantes durante uma manifestação contrária aos planos de exploração de ouro em uma área considerada sagrada pelos Bashkirs. Ele teria chamado os centro-asiáticos e os caucasianos, que compõem maioria dos imigrantes do país, de “black people” (pessoas negras, em tradução livre), que em russo é um termo depreciativo.

    “Não aceito a culpa. Sempre lutei pela justiça, pelo meu povo, pela minha república, por isso nos veremos novamente”, disse ele a repórteres depois de ser condenado, prometendo recorrer da sentença.  “As pessoas vieram me apoiar e não sei o que vai acontecer. Não queríamos isso. Um enorme obrigado a todos os que vieram me apoiar.”

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