Turista americano é preso por quebrar estátuas romanas no Museu de Israel
Autoridades suspeitam que o vandalismo tenha ocorrido por extremismo religioso, fenômeno que vem crescendo no país
A polícia israelense prendeu um turista americano no Museu de Israel, em Jerusalém, nesta sexta-feira, 6, depois que ele jogou obras de arte no chão, desfigurando duas estátuas romanas do século II. O vandalismo levantou questões sobre a segurança de coleções inestimáveis e despertou preocupações sobre o aumento dos ataques ao patrimônio cultural em Jerusalém.
A polícia identificou o suspeito como um turista judeu americano radical de 40 anos, e disse que o interrogatório inicial sugeriu que ele havia quebrado as estátuas porque as considerava “idólatras e contrárias à Torá”.
Nick Kaufman, o advogado do homem, negou que ele agiu por fanatismo religioso. De acordo com ele, o turista sofre de um transtorno mental que os psiquiatras chamaram de “síndrome de Jerusalém”, uma forma de desorientação que se acredita ser induzida pelo magnetismo religioso da cidade, sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos. A condição faz com que os peregrinos estrangeiros acreditem que são figuras da Bíblia.
O réu foi condenado a passar por avaliação psiquiátrica. As autoridades não divulgaram seu nome devido a uma ordem de silêncio.
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O importante Museu de Israel, com exposições de arqueologia, arte e artefatos da vida judaica, descreveu o vandalismo como um “evento preocupante e incomum” e disse que “condena todas as formas de violência e espera que tais incidentes não se repitam”.
O feriado judaico de Sucot, o festival da colheita, termina nesta sexta-feira, 6, ao pôr do sol. O fanatismo tende a crescer durante a época festiva judaica, e o país observou recentemente agressões a fiéis cristãos por parte de judeus radicais ultraortodoxos.
Fotos do museu mostraram a cabeça de mármore da deusa Atena derrubada do pedestal no chão e a estátua de uma divindade pagã despedaçada. A instituição disse que as estátuas já estão sendo restauradas, mas se recusou a informar o valor dos artefatos ou o custo dos danos.
O governo israelense expressou alarme com o vandalismo e autoridades também atribuíram o ataque à iconoclastia judaica, em obediência às primeiras proibições contra a idolatria.
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Em fevereiro, um turista judeu americano danificou uma estátua de Jesus num local de peregrinação cristã na Cidade Velha e, em janeiro, adolescentes judeus desfiguraram lápides cristãs históricas num importante cemitério de Jerusalém.
“Este é um caso chocante de destruição de valores culturais”, disse Eli Escusido, diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel. “Vemos com preocupação o fato de os valores culturais estarem a ser destruídos por extremistas com motivação religiosa.”