Um tribunal da Turquia condenou nesta quarta-feira 40 pessoas à prisão perpétua por tentativa de assassinato do presidente Recep Tayyip Erdogan em julho de 2016. A trama aconteceu durante o golpe de Estado frustrado de julho do ano passado.
No total, 47 pessoas foram julgadas em Mugla, no sudoeste do país. O tribunal condenou 40 dos acusados à prisão perpétua, incluindo o ex-general Gökhan Sönmezates, apontado como o líder do grupo de golpistas que tinha como missão “capturar ou matar” Erdogan.
Ali Yazici, um ex-assessor do presidente turco, foi condenado a 18 anos de prisão, segundo a agência de notícias Dogan, e outro soldado a 15 anos de prisão. O tribunal também absolveu um ex-soldado e desvinculou do julgamento os arquivos de três réus, incluindo o clérigo islâmico Fetullah Gülen, acusado por Ancara de ser o cérebro da trama.
Este é o processo mais importante aberto na Turquia desde a tentativa de golpe que deixou cerca de 250 mortos. Na madrugada do dia 15 para 16 de julho de 2016, quando os conspiradores tentavam apoderar-se dos centros de poder em Istambul e Ancara, um comando de soldados golpistas invadiu o hotel onde Erdogan estava passando férias familiares, em Marmaris.
De acordo com Erdogan, os golpistas, que tinham como missão matá-lo ou capturá-lo, chegaram logo após sua partida do hotel. Dois policiais designados para a proteção do presidente turco que ficaram no hotel foram mortos na troca de tiros com o comando. Após o fracasso de sua missão, os golpistas se esconderam na área e foram encontrados após uma operação que durou vários dias.
O caso julgado nesta quarta-feira, iniciado em fevereiro, desenrolou-se em um ambiente de grande tensão, com manifestantes exigindo o restabelecimento da pena de morte para os acusados. O pregador Gülen, exilado nos Estados Unidos desde o final da década de 1990, foi julgado à revelia no processo.
Após a tentativa de golpe, as autoridades turcas lançaram uma campanha de resposta violenta, caçando incansavelmente os supostos partidários do clérigo islâmico. Foram anunciados expurgos sem precedentes para “limpar” as instituições que, de acordo com o governo turco, foram infiltradas pelo movimento Güllen. Desde julho de 2016, cerca de 50.000 pessoas foram presas e mais de 140.000 foram demitidas ou suspensas.
(Com AFP)