As autoridades turcas emitiram nesta terça-feira mandados de prisão contra 105 especialistas em tecnologia da informação, suspeitos de colaborarem com a tentativa de golpe militar que completa um ano nesta semana, de acordo com a imprensa estatal do país. A agência de notícias Anadolu reportou que 52 dos suspeitos, incluindo ex-funcionários do conselho de pesquisa científica e da autoridade de telecomunicações da Turquia, foram presos até agora. Eles são acusados de fornecer ajuda técnica aos mentores do golpe.
O governo turco culpa o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, exilado nos Estados Unidos, pela tentativa de golpe e pede sua extradição. Gulen nega envolvimento e os opositores do governo denunciam que o presidente Recep Erdogan teria arquitetado um falso golpe para obter apoio popular e justificar o uso de medidas autoritárias contra seus inimigos. A fracassada tentativa acabou, na verdade, por beneficiar Erdogan, que chegou a classificar a rebelião como “um presente” para ele.
Na esteira da tentativa de golpe, que teve como saldo cerca de 300 mortos e mais de 2 mil feridos nas poucas horas que durou, a Turquia declarou estado de emergência e iniciou uma dura repressão. Cerca de 50 mil pessoas acusadas de ligações com o levante foram presas e mais 100 mil, incluindo militares, juízes e jornalistas, que se opunham ao governo, foram demitidas ou afastadas do cargo.
Em abril deste ano, um referendo mudou o regime político do país de parlamentarista para presidencialista, o que deu a Erdogan – acusado de fraudar a consulta pública – poderes quase ditatoriais.
Celebração
O aniversário do golpe, dia 15 de julho, foi declarado como Dia da Democracia e da Unidade Nacional, e será celebrado durante toda a semana, apesar do estado de emergência que segue vigente no país desde então. O governo turco organizou diversos atos comemorativos, dos quais participarão, além de instituições estatais, ONGs, círculos empresariais, partidos políticos e mesquitas. O presidente Erdogan e o primeiro-ministro, Binali Yildirim, visitarão os túmulos dos mortos na noite de 15 para 16 de julho de 2016.
(com agências internacionais)