Turquia reforça exigência para aceitar adesão de Suécia e Finlândia à Otan
Ambos países pediram para entrar na aliança depois de se sentirem ameaçados com a invasão russa à Ucrânia, colocando fim em anos de neutralidade
Suécia e Finlândia devem deportar ou extraditar até 130 “terroristas” à Turquia para que o Parlamento turco aprove suas candidaturas para adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmou o presidente Tayyip Erdogan no domingo 15. Ambos países pediram para entrar na aliança depois de se sentirem ameaçados com a invasão russa à Ucrânia, colocando fim em anos de neutralidade.
No final de junho, mesmo depois de Erdogan indicar ressalvas à adesão, os líderes dos três países assinaram um documento expressando que estavam dispostos a combater o terrorismo. Em seguida, eles foram convidados a juntarem à aliança militar liderada pelos Estados Unidos. No entanto, o pedido para entrar no grupo deve ser aprovado por todos os 30 parlamento dos Estados-membros. De todos os integrantes, apenas a Turquia e a Hungria ainda não concordaram com a adesão.
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Para Ancara, a Suécia em especial precisa assumir uma posição mais clara em relação a grupos que a Turquia entende como terroristas, principalmente militantes curdos e um grupo que culpa por uma tentativa de golpe em 2016. As objeções também incluem o histórico dos países em receber membros de grupos militantes curdos e a suspensão da Suécia de vendas de armas para a Turquia desde 2019 por causa da operação militar turca na Síria. O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) é classificado como um grupo “terrorista” pela Turquia e aliados ocidentais, como Estados Unidos e a União Europeia.
No domingo, Erdogan disse que ao conversar com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, em novembro do ano passado, afirmou que se ele “não entregar seus terroristas para nós, não podemos aprovar pelo Parlamento de qualquer maneira”.
“Para que isso seja aprovado no Parlamento, primeiro você tem que entregar mais de 100, cerca de 130 desses terroristas para nós”, acrescentou o presidente da Turquia.
Diversos políticos finlandeses interpretaram a exigência de Erdogan como uma resposta furiosa a um incidente em Estocolmo na semana passada, no qual uma imagem do líder turco foi pendurada durante um pequeno protesto.
“Isso deve ter sido uma reação, acredito, aos eventos dos últimos dias”, comentou o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, à emissora pública YLE. Ele afirmou que não estava ciente de nenhuma outra exigência oficial.
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Em resposta ao incidente na Suécia, a Turquia cancelou uma visita de Andreas Norlen, presidente do Parlamento sueco a Ancara, que ao invés disso viajou a Helsinki.
“Enfatizamos que na Finlândia e na Suécia temos liberdade de expressão. Não podemos controlá-la”, declarou o presidente do Parlamento finlandês, Matti Vanhanen, a repórteres em entrevista coletiva junto a Norlen.
Paralelamente, ainda nesta segunda-feira, o primeiro-ministro sueco afirmou que o país estava em uma “boa posição” para obter a validação da Turquia de sua candidatura à Otan, já que, de acordo com o porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, o tempo estava se esgotando para o Parlamento turco ratificasse as propostas antes das eleições presidenciais e parlamentares em maio.