Seis semanas depois que a Ucrânia iniciou sua contraofensiva, concentrada no leste e no sul do país, relatos de ambos os lados mostram uma guerra travada principalmente por drones e ataques com mísseis de longo alcance. Dentro do arsenal ucraniano, no Mar Negro, Kiev abriu ainda uma nova era da guerra naval ao empregar “drones navais” suicidas armados com explosivos.
Nesta terça-feira, 18, a Rússia informou que suas forças repeliram um ataque de drone ucraniano na Crimeia. O ataque ocorre um dia depois de um ataque de drones navais danificar a principal ponte da região e interromper temporariamente o tráfego na via que liga o território ocupado à Rússia.
“A Ucrânia empregou navios de superfície explosivos não tripulados (USVs) como armas formidáveis contra frotas russas e até infraestrutura”, explicou Scott Savitz, analista sênior da organização de pesquisa RAND Corporation, à agência de notícias Reuters.
De acordo com especialistas, a capacidade dos drones navais de transportar grandes cargas explosivas e atacar a linha d’água dos navios os torna mais perigosos do que armas aéreas como mísseis e bombas. Além disso, o custo relativamente baixo dos drones também permite à Ucrânia realizar ataques em grande número, difíceis de detectar pelos navios de guerra russos.
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No ano passado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lançou uma campanha de arrecadação de fundos para construir uma frota de drones navais para proteger as cidades ucranianas contra ataques de mísseis russos lançados de navios no Mar Negro. Em outubro de 2022, Kiev chegou a usar os drones navais para atacar navios de guerra russos no porto de Sevastopol, lar da Frota Russa do Mar Negro. O ataque não afundou nenhum navio, mas obrigou Moscou a construir defesas nos portos da Crimeia.
Esses ataques repetidos usando drones navais forçaram a Rússia a aumentar a segurança na entrada do porto militar de Sebastopol e em torno de seus navios de guerra. As medidas incluem a adição de redes, pontões e barreiras, bem como a implantação de golfinhos treinados para detectar mergulhadores inimigos. Além disso, Moscou também tenta camuflar os navios, pintando a proa e a popa em cores escuras.
A Rússia já deixou claro o seu objetivo de manter a região da Crimeia a todo custo. Vladimir Putin já fez várias visitas à península durante a guerra para enfatizar sua afirmação de que a Crimeia é solo russo e o ex-presidente Dmitry Medvedev, atualmente vice-presidente do conselho de segurança russo, disse que a Rússia poderia usar armas nucleares para defender a península.