Oferta Consumidor: 4 revistas pelo preço de uma

Ucrânia aprova lei marcial após incidente naval com a Rússia

Poderes extraodinários geram dúvidas sobre as eleições do ano que vem; presidente russo, Putin declarou estar "seriamente preocupado"

Por Da Redação
27 nov 2018, 12h01

O parlamento da Ucrânia aprovou na segunda-feira (26) a implantação da lei marcial nas regiões de fronteira com a Rússia, depois do país capturar três navios ucranianos e deter 24 marinheiros no Estreito de Kerch, uma importante via fluvial para ambos. A lei provisória valerá por 30 dias, a partir de 28 de novembro.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin está “seriamente preocupado” com a decisão da Ucrânia, declarou o Kremlim nesta terça (27). Em conversa ao telefone com a chanceler alemã Angela Merkel, Putin também disse esperar que a líder possa intervir para por rédeas em Kiev, e que “Berlim possa influenciar as autoridades ucranianas e dissuadi-las de mais atos imprudentes.”

Já Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, condenou a violência de ambos os lados: “Nós não gostamos do que está acontecendo, de qualquer lado, nós não gostamos e esperamos que isso irá se acertar.”

Lei poderia ameaçar eleições

A lei – que dá ao governo poderes extraordinários sobre a sociedade civil – foi aprovada por 276 dos 450 membros do Parlamento, com a presença do presidente Petro Poroshenko e do primeiro-ministro, Vladimir Groisman.

É a primeira vez que a Ucrânia acionou a lei marcial desde que os conflitos com a Rússia começaram, em 2014. É o indicativo de uma escalada na tensão entre as duas antigas Repúblicas Soviéticas.

Depois de uma primeira proposta, que pedia a vigência da lei durante 60 dias, o presidente ucraniano reviu sua sugestão, e recomendou que os parlamentares votassem para apoiar um período de 30 dias, garantindo que ela está limitada às regiões fronteiriças, e não ao conjunto do território, conforme o previsto.

A lei gerou questionamentos em torno das eleições presidenciais na Ucrânia, marcadas para março de 2019. O atual presidente tem uma performance pífia nas pesquisas, com apenas 8% das intenções de voto, atrás do candidato da oposição e da ex-primeira-ministra, Yulia Tymoshenko.

Continua após a publicidade

Coincidentemente, a lei marcial garante poderes especiais ao governo da Ucrânia, limitando liberdades civis, incluindo a de imprensa e manifestação pública. Na prática, isso poderia significar que jornais e canais de televisão poderiam ser fechados se o governo os enxergasse como ameaça a segurança nacional.

Ela também permite que autoridades punam manifestantes, mesmo os pacíficos, e também qualquer outra ação em massa que considerem perigosa. Kiev poderia até mesmo restringir a liberdade de ir e vir dos cidadãos, não permitindo que deixassem o país.

Poroshenko negou qualquer intenção de golpe, e usou como justificativa para a proposta o crescente risco de uma ofensiva terrestre russa, mencionando um documento “secreto”. Mais tarde na segunda, jurou suspender a lei marcial se a “invasão” não acontecer.

Reuniões emergenciais convocadas

Tanto Kiev quanto Moscou pediram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que foi realizada nesta segunda.

A Otan também convocou uma reunião de emergência em Bruxelas nesta segunda com representantes ucranianos. O Secretário-Geral da Aliança, Jens Stoltenberg, disse que a “Rússia tem que entender que suas ações tem consequências.”, ele não disse quais seriam essas consequências, mas lembrou que a maior manobra militar recente da OTAN no Leste Europeu foi em resposta a anexação russa da Crimeia, em 2014. Ele reiterou que a ação da Rússia “está desenvolvendo a situação na região.”

Continua após a publicidade

O porta-voz do Kremlim, Dmitri Peskov disse a imprensa que Moscou agiu “em estrita conformidade” com “o direito internacional”, denunciando uma “intromissão” de embarcações ucranianas nas “águas internacionais” russas.

Autoridades ucranianas “exigiram” que Moscou liberasse os fuzileiros e “devolvesse os navios militares capturados”, declarou o Ministério de Relações Exteriores ucraniano em um comunicado publicado no domingo (25).

“A Ucrânia pede a seus aliados e sócios que tomem todas as medidas necessárias para conter o agressor, em particular impondo novas sanções” à Rússia, ressaltou o ministro.

Segundo Kiev, o inédito incidente deixou seis feridos entre os fuzileiros ucranianos, dois deles em estado grave. Moscou desmente, e garante que foram somente três feridos.

O incidente aconteceu quando barcos ucranianos tentavam entrar no Estreito de Kerch do Mar Negro, que separa a Crimeia da Rússia e é o ponto de acesso ao Mar de Azov.

Continua após a publicidade

Segundo Kiev, os barcos russos se chocaram primeiro contra o rebocador ucraniano e bloquearam o acesso ao mar de Azov.

Rússia é criticada

Os Estados Unidos denunciaram na ONU a ação “ilegal” da Rússia, ressaltando que essa conduta torna “impossível” uma “relação normal” entre Washington e Moscou.

A embaixadora americana, Nikki Haley, reiterou na reunião de emergência do Conselho de Segurança que os “Estados Unidos dariam boas-vindas a uma relação normal com a Rússia. No entanto, ações ilegais como esta continuam tornando isso impossível”.

O secretário de Estado americano Mike Pompeo condenou a “agressiva ação russa” em um comunicado, no qual também pediu à Rússia que devolvesse os navios ucranianos e liberasse os fuzileiros detidos.

Vários países aliados de Kiev, entre eles Canadá e Lituânia, condenaram a “agressão russa”.

Continua após a publicidade

“Condenamos o ato de agressão da Rússia ao capturar três barcos ucranianos e a sua tripulação”, disse aos jornalistas um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

A Turquia se declarou “preocupada” e pediu o fim da “crescente” na tensão, enquanto a China pediu a Moscou e Kiev que “resolvam suas diferenças por meio do diálogo e de consultas”.

A Alemanha também denunciou um “bloqueio inaceitável” do Mar de Azov.

A Rússia reivindica o controle do Estreito de Kerch desde a anexação da Crimeia e construiu uma ponte que liga a península ao território russo. Kiev e as potências ocidentais acusam Moscou de “obstruir” deliberadamente a navegação de embarcações comerciais entre o Mar Negro e o Mar de Azov pelo estreito.

A Ucrânia e a Rússia reforçaram sua presença militar nessa área sensível. Nos últimos meses, deslocaram navios militares para a zona.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.