Ucrânia diz ter abatido avião espião russo sobre o Mar de Azov
Aeronave A-50, capaz de detectar defesas aéreas para atingir alvos desejados, é raridade no exército russo e sua perda é vista como 'significativa'
O chefe do exército da Ucrânia, general Valerii Zaluzhnyi, afirmou nesta segunda-feira, 15, que a Força Aérea abateu um avião espião da Rússia sobre o Mar de Azov, no sul do país. Com radar de longo alcance, a aeronave de vigilância A-50 é capaz de detectar defesas aéreas para que jatos possam contorná-las, e sua perda, segundo analistas, foi um golpe para o poder aéreo de Moscou.
Zaluzhnyi disse em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram que a Força Aérea da Ucrânia “planejou e conduziu de maneira excelente” uma operação na região de Azov. Já o comandante da Força Aérea ucraniana, Mykola Oleshchuk, comentou a queda da aeronave em uma postagem no Telegram, mas não forneceu mais detalhes.
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Aviões A-50 são uma raridade na Força Aérea russa. De acordo com um briefing do Ministério da Defesa do Reino Unido, publicado em 23 de fevereiro do ano passado, o Kremlin “provavelmente” possuía seis aeronaves do tipo em serviço. Sua construção, além disso, pode custar centenas de milhões de dólares.
Perda “significativa”
Autoridades russas disseram não ter “nenhuma informação” sobre os ataques, mas blogueiros de guerra do país – que são inexoravelmente favoráveis ao conflito, disseram que a perda de um A-50 é “significativa”.
O Rybar, um popular canal militar do aplicativo de mensagens Telegram, disse que, caso o abate do avião fosse confirmado, seria “mais um dia negro para a força aérea russa”. Outro canal sugeriu que a aeronave foi atingida por “fogo amigo” russo, mas ainda conseguiu pousar com segurança no seu país de origem.
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Em entrevista à emissora britânica BBC, Justin Bronk, especialista em guerra aérea do think tank Rusi, afirmou que a perda de um A-50 seria uma “perda altamente significativa e embaraçosa do ponto de vista operacional” para a Força Aérea russa. Segundo ele, o avião espião é uma uma “plataforma-chave de comando, controle e vigilância”, porque oferece com precisão e de forma antecipada informações relevantes sobre a posição de sistemas de defesa e aeronaves ucranianas.
Não teria sido o primeiro ataque contra um A-50. Em fevereiro do ano passado, o grupo de oposição BYPOL, de Belarus, afirmou ter danificado um avião militar do tipo com um ataque de drones perto de Minsk, capital bielorrussa.