UE defenderá Indo-Pacífico por medo da China ‘seguir exemplo da Rússia’
Alerta foi disparado após China assinar acordo militar com Ilhas Salomão, podendo agir como a Rússia na Ucrânia e cercar países da região com suas forças
A União Europeia decidiu intensificar sua estratégia de defesa no Indo-Pacífico à luz dos temores sobre a crescente influência da China na região. Autoridades europeias levantaram a possibilidade do país oriental seguir o exemplo da Rússia e comprometer a estabilidade de nações independentes na Oceania.
O enviado especial no Indo-Pacífico, Gabriele Visentin, disse ao jornal The Guardian que não há evidências que uma guerra seja iminente na região – que cobre uma vasta extensão do globo da costa leste da África até os países insulares do Pacífico –, mas que está preocupado com a potencial quebra de regras internacionais por parte da China.
“Nosso lema é cooperar sempre que possível, mas defender sempre que necessário também”, disse Visentin. Justificando o aumento da presença da organização europeia na área, ele explicou que a estratégia não é uma intimidação dirigida a um país específico, mas uma forma de aumentar a credibilidade da União Europeia em termos de defesa de seus interesses.
Um alerta foi disparado após a China ter assinado um acordo com as Ilhas Salomão em abril, que incluía assistência militar, e alimentou temores de que o país governado por Xi Jinping aproveitaria a oportunidade levar seus navios de guerra ao Pacífico – a menos de 2.000 km da costa australiana.
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Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos expressaram preocupação com a situação de segurança na região do Pacífico. O principal receio era de que a China seguisse o exemplo da Rússia, que posicionou suas tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia antes da invasão no final de fevereiro.
Referindo-se aos impactos causados pela guerra em curso, Visentin sugeriu que pode surgir um conflito semelhante na região do Pacífico, dizendo que a China é vista como “parceira, concorrente e rival” pelos países europeus.
Respondendo às especulações, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, argumentou que o novo tratado “não prejudicaria a paz e a harmonia” na área. O líder do país acrescentou que o acordo não tem como alvo os seus aliados tradicionais, mas sim “nossa própria situação de segurança interna”.
Apesar disso, Sujiro Seam, embaixador da União Europeia para o Pacífico e Ilhas Salomão, afirmou que o acordo aponta para a necessidade do bloco intensificar sua presença na região.
A guerra na Ucrânia suscitou novas iniciativas da União Europeia para fortalecer suas políticas de segurança e defesa. Em março, foi lançado o plano “A Bússola Estratégica”, que estabelece um roteiro para melhorar a capacidade de ação em crises e defender a sua segurança e dos seus cidadãos.
“A guerra na Ucrânia é um momento histórico que contribui para a afirmação da ambição europeia em matéria de segurança e defesa”, afirmou Seam.
Autoridades informaram que o plano de segurança mais intensivo envolveria treinamento militar e exercícios em terra e no mar, aumento da inteligência e circulação de navios da União Europeia por zonas com interesse marítimo no Pacífico. No entanto, o projeto não incluiria o estabelecimento de bases militares nem o envio de soldados, exceto num contexto de crise.