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UE não vê motivos suficientes para reabrir negociações do Brexit

Enquanto Reino Unido não apresentar nova proposta sobre a fronteira entre as Irlandas, a Eurocâmara não aprovará o acordo

Por Da Redação
12 set 2019, 18h58

O principal negociador da União Europeia para questões do Reino Unido, Michel Barnier, disse nesta quinta-feira, 12, não existir motivos suficientes para o início de novas negociações sobre um acordo para o Brexit, enquanto o presidente da Eurocâmara, David Sassoli, afirmou que os parlamentares não aprovarão o “divórcio” sem que a salvaguarda para a fronteira das Irlandas esteja garantida.

A posição avessa dos europeus à negociação de um novo acordo que permita a saída mais tranquila do Reino Unido do bloco surge a apenas 50 dias do início do Brexit, em 31 de outubro. No Parlamento britânico, o governo ainda se mostra favorável à saída nessa data, mesmo sem acordo. A oposição, engordada por conservadores dissidentes, quer forçar o primeiro primeiro-ministro, Boris Johnson, a negociar e concluir o pacto ou então postergar o Brexit para 31 de janeiro.

Segundo o jornal britânico The Guardian, em encontro privado com os líderes do parlamento europeu, Barnier disse que Johnson  ainda não apresentou uma alternativa para resolver a situação da fronteira das Irlandas. Trata-se do ponto mais delicado de um possível acordo.

“Veremos se nas próximas semanas os britânicos serão capazes de apresentar uma proposta por escrito e legalmente operacional”, disse. “Como nós chegamos anteriormente a um acordo, até onde eu posso falar, nós não temos razões para ser otimistas”, concluiu Barnier.

A ex-primeira ministra Theresa May chegara a um acordo com Bruxelas, rejeitado três vezes pelo Parlamento britânico. Johnson não quer retomá-lo porque, ao preservar as regras de mercado comum na fronteira entre a europeia República da Irlanda e a britânica Irlanda do Norte – o chamado backstop -, Londres ficaria ainda atada à União Europeia. Boa parte do Parlamento, no entanto, acredita que sem essa opção, o conflito naquela região ressurgirá.

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Atualmente, a fronteira é imaginária, ou seja, não há controle alfandegário, e as pessoas podem transitar livremente entre os dois países. “Não haverá um acordo sem a salvaguarda (a exceção para as Irlandas). Essa é a nossa posição. Se eles não querem conversar sobre isso, significa que não querem negociar”, afirmou Sassoli.

Além da aprovação da Câmara dos Comuns, um possível acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia também precisa passar pela Eurocâmara. Os parlamentares europeus pretendem votar na semana que vem uma resolução que afirma que o pacto negociado com Theresa May é justo e equilibrado.

Apesar de afirmar taxativamente que não haverá acordo sem a salvaguarda para a Irlanda, Sassoli disse que a Eurocâmara está disposta a analisar as propostas que o Reino Unido vier a apresentar.

Também houve rumores de que Londres apresentaria uma nova proposta, na qual a salvaguarda só manteria a Irlanda do Norte integrada ao mercado único europeu, e não o Reino Unido como um todo, como prevê o texto firmado por May. Sassoli estaria disposto a considerá-la. Johnson, porém, desmentiu os boatos na quarta-feira 11. “Isso simplesmente não funciona para o Reino Unido”, disse.

O presidente da Eurocâmara também falou sobre a suspensão do Parlamento britânico, solicitada por Johnson à rainha Elizabeth II. Segundo ele, todos ficaram “surpresos” com a decisão do primeiro-ministro do Reino Unido.

“Defendo que os parlamentos permaneçam abertos de forma permanente, em especial quando estão decidindo sobre o destino de um grande país, como o Reino Unido. Se você não puder debater o destino de um país em um Parlamento, onde poderá fazê-lo?”, questionou o político italiano.

(Com EFE)

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