UE reitera que é “preciso evitar” intervenção militar na Venezuela
Juan Guaidó pediu que as nações que apoiam seu governo mantenham todas as opções abertas contra o regime de Nicolás Maduro
A Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia (UE), insistiu nesta segunda-feira, 25, que “é preciso evitar” uma intervenção militar na Venezuela, depois que o líder da oposição e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, se mostrou favorável a manter “todas as opções abertas”.
“A UE tem uma posição estabelecida muita clara: é preciso evitar a intervenção militar”, afirmou a porta-voz de Relações Exteriores, Maja Kocijancic, na entrevista coletiva diária da Comissão.
A representante também lembrou a declaração emitida ontem pela alta representante da UE para a Política Externa, a italiana Federica Mogherini, na qual reprovou a intimidação contra as pessoas que apoiam a entrada da ajuda humanitária na Venezuela.
“No nosso ponto de vista, está muito claro que precisamos de uma resolução pacífica, democrática e venezuelana para esta crise. Isto obviamente exclui o uso da força”, ressaltou Maja.
A porta-voz afirmou que a UE “quer eleições presidenciais livres, transparentes e críveis, segundo a Constituição venezuelana”.
Maja disse que o grupo de contato internacional que a UE impulsionou com países europeus e latino-americanos trabalha precisamente para criar as condições na Venezuela para que esse pleito aconteça.
A porta-voz também afirmou que trabalha para a entrega de ajuda humanitária de acordo com os “princípios de humanidade: neutralidade, imparcialidade, independência”.
Guaidó, que também é presidente do Parlamento venezuelano, pediu nesta segunda, antes da reunião do Grupo de Lima em Bogotá, que as nações que apoiam seu governo mantenham todas as opções abertas contra Maduro. Sua declaração veio depois da frustrada operação do fim de semana, que pretendia levar ajuda básica aos venezuelanos afetados pela escassez de alimentos e remédios, que provocou distúrbios violentos.
Os caminhões com a assistência doada principalmente pelos Estados Unidos tiveram de recuar e voltar para a cidade fronteiriça de Cúcuta, na Colômbia, ante o bloqueio das forças chavistas.
Doações enviadas pelo governo brasileiro também não chegaram ao seu destino e a fronteira venezuelana com Roraima foi palco de conflitos violentos.
Somente no sábado 23, ao menos três pessoas morreram e 295 ficaram feridas nos confrontos entre manifestantes e forças leais ao governo de Maduro, segundo a organização não governamental Observatorio Venezolano de Conflictividad Social (OVCS).
Os confrontos, contudo, continuaram no domingo. Segundo o relato de Emilio González, prefeito de Gran Sabana, municipalidade próxima a Roraima, cerca de 25 pessoas teriam morrido desde sexta.
Grupo de contato internacional
Maja garantiu que a União Europeia tem feito “contatos muito regulares” com os países vizinhos da Venezuela para discutir a crise no país. “Os manteve, por exemplo, na semana passada e também durante o fim de semana. E eles vão continuar”, acrescentou.
Sobre a missão técnica do grupo de contato que visitou Caracas na quarta e na quinta-feira da semana passada, Maja disse que pôde “falar com todos os atores relevantes”, entre eles representantes do espectro político, da sociedade civil e de agências da ONU.
“Falaram dos períodos necessários para a solução para a crise, para as eleições e a assistência humanitária, respeitando os princípios dessa assistência humanitária”, indicou Maja.
Além disso, a porta-voz anunciou que em 28 de fevereiro haverá em Bruxelas uma reunião de funcionários do alto escalão da UE para preparar a próxima reunião ministerial do grupo de contato, em uma data que ainda não foi marcada.
Maja lembrou que o regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro “perdeu a legitimidade necessária” e, por isso, é preciso realizar eleições “baseadas nos padrões internacionais”.
Para a porta-voz, isso é algo que foi repetido várias vezes tanto por Federica Mogherini como por “todos os ministros com os quais falamos sobre a Venezuela”.
De fato, Maja afirmou que nos últimos dois ou três Conselhos de Ministros das Relações Exteriores da UE essa posição “ficou muito clara”.
(Com EFE)