Um genérico com fritas, por favor: o novo McDonald’s da Rússia
A primeira Vkusno&Tochka (algo como “saboroso e basta” em russo) estreou com pompa e circunstância em Moscou e formou fila na Praça Pushkin
Saem os arcos dourados, entram um círculo e dois traços. As figuras simbolizam o hambúrguer e a batata frita que continuarão a ser servidos, o primeiro embrulhado, a segunda em pacotinho de papel, na Vkusno&Tochka, o nome da rede que assumiu os negócios do McDonald’s na Rússia depois que a cadeia americana de lanchonetes decidiu deixar o país, por não poder “ignorar o inútil sofrimento humano observado na Ucrânia”. A primeira Vkusno&Tochka (algo como “saboroso e basta” em russo) estreou com pompa e circunstância em Moscou justo em um feriado ensolarado e formou fila na Praça Pushkin — imagem parecida com a da inauguração do primeiro McDonald’s no local, em 1990, que atraiu 30 000 pessoas e se tornou símbolo instantâneo da abertura política e econômica que se seguiu à queda do Muro de Berlim e pronunciou o fim da União Soviética. O magnata Alexander Govor, dono de refinarias de petróleo, hotéis e clínicas que já tocava 25 franquias do McDonald’s na Sibéria, comprou os negócios da rede na Rússia por suposto 1,4 bilhão de dólares e anunciou a intenção de abrir 200 lojas até o fim do mês e terminar o verão com todos os 850 pontos de venda funcionando. “Sou ambicioso. Vou ampliar mais”, prometeu Govor, que teria absorvido os 62 000 funcionários da empresa na Rússia. Como quase todos os ingredientes eram produzidos localmente, acredita-se que o cardápio continuará parecido. Mas o molho secreto do Big Mac vai fazer falta.
Publicado em VEJA de 22 de junho de 2022, edição nº 2794