O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta terça-feira, 7, que não está disposto a fazer concessões à Rússia para dar um fim à guerra. Ele insistiu que “o impasse não é uma opção” ao falar sobre a possibilidade de seu país ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e declarou que a Ucrânia não cederá nenhum território.
Em pronunciamento durante uma videoconferência organizada pelo jornal Financial Times, o presidente ucraniano disse que seu país já havia perdido “pessoas demais para simplesmente ceder nosso território”, acrescentando que a Ucrânia precisa alcançar “controle total de todo o nosso território”.
Zelensky também afirmou que a aliança militar da Otan deve receber a Ucrânia, acrescentando que “não há necessidade de perder tempo discutindo sua adesão”.
A Rússia há muito se opõe à ideia da Ucrânia se juntar à Otan. Ele acredita que a aliança militar está invadindo sua área de influência política ao aceitar novos membros da Europa Oriental – e a adesão da Ucrânia traria a Otan para sua porta.
Quando ainda havia recorrentes negociações de paz entre os dois países, o presidente ucraniano havia dito que aceitaria que seu país não pudesse aderir à aliança, dizendo: “Está claro que a Ucrânia não é membro da Otan. Entendemos isso”.
No entanto, após mais de três meses de resistência ucraniana – e de mais armas e aliados –, a confiança do líder do país parece renovada. Suas declarações encontraram eco na voz do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, a quem Zelensky parabenizou na segunda-feira 6 por ter sobrevivido a um voto de desconfiança no Parlamento britânico.
Em uma reunião com ministros do seu gabinete, o porta-voz de Johnson informou que ele acha que a Ucrânia não deveria ser forçada a aceitar um “mau acordo” de paz, porque eles não duram.
“[Boris Johnson] disse que o mundo deve evitar qualquer resultado em que a agressão injustificada de Putin pareça ter valido a pena”, disse o porta-voz.
Com nenhum dos lados dispostos a ceder, a guerra se arrasta (e se intensifica) na região industrial de Donbas. Zelensky afirmou nesta terça-feira, 7, que as cidades de Sievierodonetsk e Lysychansk, no leste da Ucrânia, foram praticamente destruídas.
+ Ucrânia intensifica resistência em Sievierodonetsk para proteger Donbas
“São cidades mortas”, disse o presidente ucraniano.
Na segunda-feira 6, foi confirmado que a Rússia perdeu outro comandante de alto escalão. A mídia estatal russa disse que o major-general Roman Kutuzov foi morto liderando um ataque a uma vila ucraniana. A Ucrânia agora afirma ter matado doze generais russos – número sem precedentes na guerra moderna.