Um tiro na democracia: a morte do senador Miguel Uribe Turbay
Em protesto, milhares de pessoas marcharam para velar aquele que era o favorito no campo da direita para desafiar Gustavo Petro

Há décadas, a democracia na Colômbia é afrontada por uma perigosa mistura de violência e política. A mais recente vítima foi o pré-candidato à Presidência, o senador Miguel Uribe Turbay, alvejado com dois tiros na cabeça em plena campanha. Passados dois meses, ele morreu no início da semana, aos 39 anos. Em protesto, milhares de pessoas marcharam da Praça Bolívar, em Bogotá, até o Congresso para velar aquele que era o favorito no campo da direita para desafiar Gustavo Petro. O desgastado mandatário, egresso das fileiras da esquerda, vem falhando fragorosamente em cumprir a promessa de promover a “paz total” na nação. Com alarde, ele negociou uma trégua com milícias armadas dissidentes das Farc, a guerrilha que aterrorizou a população em passado recente. Pois o ataque ao jovem senador teria sido obra justamente de uma delas, a Segunda Marquetalia. Fortalecida pelo episódio, a oposição ainda não decidiu quem vai duelar nas urnas com Petro. “Miguel, seu exemplo será a força motriz da minha luta”, disse María Fernanda Cabal, do mesmo partido que ele, o Centro Democrático, de olho no posto. Filho da célebre jornalista Diana Turbay, morta nos anos 1990 pelo narcotraficante Pablo Escobar, Uribe tornou-se o oitavo presidenciável assassinado na história colombiana, o que põe o país na triste dianteira do ranking latino-americano que contabiliza os candidatos executados na corrida eleitoral. Tragicamente fora do páreo, seu nome será decisivo no pleito de 2026.
Publicado em VEJA de 15 de agosto de 2025, edição nº 2957