Dois meses após a megaexplosão que devastou o porto de Beirute, no Líbano, a evasão escolar na cidade pode chegar a uma a cada quatro crianças, alertou o Comitê Internacional de Resgate (IRC). O incidente deixou 190 mortos, e 168 escolas e incontáveis foram prédios danificados ou destruídos.
“Mais de 85.000 alunos foram matriculados em escolas danificadas pela explosão e que vão demorar ao menos um ano para os prédios mais afetados serem reparados”, diz o comunicado. Apesar do Ministério da Educação do país estar trabalhando para encontrar novos espaços para essas crianças, afirma o IRC, a mudança trará novas preocupações aos pais, como distâncias maiores de deslocamento, o uso de transporte público e dificuldade de acesso de crianças portadores de deficiências ao sistema educacional.
“Em um todo, esperamos ver cada vez menos crianças nas escolas neste setembro, com uma taxa que irá aumentar à medida que o ano progride”, disse Mohammad Nasser, diretor interino do IRC no Líbano.
Segundo Nasser, antes da explosão já havia perda de renda e trabalhos nas famílias libanesas por causa da crise econômica que o país sofre, mas após a destruição do porto em agosto cada vez mais famílias estão tendo dificuldades em colocar a comida na mesa. “Estamos ouvindo que mais crianças estão sendo enviadas para trabalhar e ajudar na renda familiar”, disse.
No dia 4 de agosto, uma explosão em um armazém que continha nitrato de amônio destruiu o porto da capital Beirute. O país, que já sofria economicamente e vinha de meses de instabilidade política, se viu frente a mais uma catástrofe. Não demorou muito para a ajuda internacional chegar, com países como a França e o Brasil oferecendo dinheiro e mão-de-obra para ajudar nos esforços de recuperação da cidade.
Além da explosão, o país enfrenta a pandemia de Covid-19, doença que forçou as autoridades libanesas a adiar o início das aulas para 12 de outubro devido a um pico de novos casos registrados no país.