Boris Johnson deixou nesta terça-feira, 6, a sede do governo do Reino Unido, o número 10 de Downing Street, prometendo que a nova administração vai oferecer auxílio às famílias oneradas por contas de energia em alta. O antigo premiê britânico também afirmou que “vai entregar o bastão”, porque sua liderança “inesperadamente acabou sendo uma corrida de revezamento – eles mudaram as regras no meio do caminho”.
Johnson disse que era um “momento difícil para a economia, um momento difícil para as famílias em todo o país. Nós podemos e vamos superar isso e sairemos mais fortes.” Se dirigindo aos parlamentares conservadores, ele afirmou que era “hora da política acabar” e o momento de apoiar Liz Truss. “É isso que o povo deste país quer, é disso que eles precisam e é isso que eles merecem.”
O primeiro-ministro que deixa o cargo disse que o Reino Unido “continuará a ter força para dar às pessoas o dinheiro necessário para superar essa crise de energia causada pela guerra cruel de [Vladimir] Putin”.
Johnson acrescentou: “Se Putin pensa que pode ter sucesso chantageando ou intimidando o povo britânico, então ele está totalmente iludido”.
Johnson vai viajar a Balmoral para apresentar sua renúncia formal à rainha Elizabeth II. Truss será recebida pela rainha após Johnson e oficialmente convidada a formar um governo, quando ela se tornar primeira-ministra.
Em seu discurso de saída, Johnson analisou algumas das conquistas de seu governo, incluindo a resposta à pandemia de Covid-19, a campanha de vacinação e o apoio à Ucrânia contra a invasão da Rússia, bem como reformas na assistência social e promessas de aumentar o contingente de enfermeiros, policiais e hospitais – promessas muito criticadas por imprecisão.
Ele declarou que permanecerá leal e solidário com Truss após sua saída. “Deixe-me dizer que agora sou como um daqueles foguetes de propulsão que cumpriram sua função e agora estarei reentrando suavemente na atmosfera e caindo invisivelmente em algum canto remoto e obscuro do Pacífico”, afirmou.
Ele disse que não ofereceria ao novo governo nada além de “o mais fervoroso apoio”. Mas em uma referência ao estadista romano Cincinnatus, ele disse que estava “voltando ao meu arado” – embora Johnson provavelmente soubesse que a observação colocaria uma pulga atrás da orelha dos ouvintes.
Cincinnatus retornou a Roma quando foi chamado para ser nomeado ditador temporário, e Johnson já usou a referência antes como prefeito de Londres.