O Conselho Municipal de Veneza anunciou nesta terça-feira, 5, que planeja começar a cobrar a partir de 2024 a entrada de turistas que visitam a cidade por apenas um dia. Com a taxa de 5 euros (cerca de 26 reais), a cidade italiana, que está afundando pouco a pouco, procura controlar o fluxo de visitantes interessados em conhecer o famoso canal com gôndolas.
Antes de ser aplicado formalmente, o pagamento passará por um período de 30 dias, entre os feriados da primavera e os fins de semana de verão, quando Veneza atinge seu pico de turistas. Aqueles com mais de 14 anos terão a estadia cobrada.
O conselheiro de Turismo de Veneza, Simone Venturin, informou que a medida busca propor “um novo equilíbrio entre os direitos daqueles que vivem, estudam ou trabalham em Veneza e daqueles que visitam a cidade”. Em depoimento à agência de notícias francesa AFP, em julho, um morador pediu que turistas “não venham mais” porque “os que vêm nem sequer sabem o que é um museu”.
“Eles vêm a Veneza porque é Veneza. Isso é tudo”, reclamou Claudio, sem informar seu sobrenome. “Não é turismo cultural. Eles têm que ir para a praia, para as montanhas, mas não aqui.”
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Venturini acrescentou, ainda, que a taxa não tem fins lucrativos e apenas compensaria os custos de aplicação da medida. Previstas para serem divulgadas na próxima semana, as datas do plano serão escolhidas e aprovadas pelo Conselho do Turismo. Em 2019, a pasta já havia autorizado a cobrança, mas teve a aplicação adiada em decorrência da pandemia de Covid-19, que afastou estrangeiros.
Com o retorno dos viajantes a Veneza, o fluxo de visitantes ultrapassou a marca dos 50 mil no centro da cidade. As vielas estreitas geram uma espécie de engarrafamento humano, provocando problemas de mobilidade tanto para residentes quanto para aqueles que tentam se deslocar de um ponto para outro.
Ainda em julho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) recomendou que Veneza fosse adicionada à lista de Patrimônio Mundial em Perigo. De acordo com os especialistas, a ação é necessária porque a Itália não faz o suficiente para proteger a cidade do impacto das mudanças climáticas e do turismo em massa.