Venezuela anuncia parceria com MST e critica governo Lula
Movimento Sem Terra enviará equipe para projeto de 10 mil hectares no país para produzir alimentos
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na segunda-feira, 9, o início de uma parceria com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), com o objetivo de desenvolver a produção agrícola em uma área de 10 mil hectares no estado de Bolívar, o maior venezuelano, que faz fronteira com o Brasil. Em julho, Maduro foi visto usando boné do MST durante um evento e convidou o movimento a enviar agricultores para trabalhar no país.
“Na Venezuela temos o ‘Movimento Com Terra’, não Sem Terra”, disse Maduro durante seu programa na TV pública da Venezuela, “Esse é o movimento mais cristão que há”, completou o presidente que falava ao lado de membros do MST que estão em Caracas.
O objetivo é produzir alimentos como milho, soja e feijão. Com essa parceria, Maduro estabeleceu uma meta ambiciosa de chegar a 100 mil hectares de produção nos próximos anos.
Mudança no relacionamento
A relação entre o chavismo e o Brasil, que foi consolidada durante os primeiros mandatos de Lula (2003-2011), é bem diferente no governo atual. Jorge Arreaza, ex-vice-presidente da Venezuela e atual secretário-executivo da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), escreveu no aplicativo de mensagens Telegram que “Maduro está realizando o projeto sonhado por Hugo Chávez e pelo MST” e criticou o atual governo brasileiro, que, ao contrário de antes, tem se afastado de Caracas devido ao endurecimento do regime venezuelano.
Recentemente, em um programa local após a eleição de 28 de julho, Arreaza disse que o Lula de agora é bem diferente do de outros anos. “Tem uma aliança com partidos de direita, seu próprio vice é de direita”, disse, referindo-se a Geraldo Alckmin.
Apesar das tentativas de Brasília para intermediar a crise, a relação entre Lula e Maduro se desgastou. No início de seu terceiro mandato, Lula acolheu Maduro no Palácio do Planalto. Na época, Lula disse que o conceito de democracia era relativo.
Enquanto isso, o Movimento Sem Terra continua apoiando Maduro. João Pedro Stédile, líder do MST e observador eleitoral na Venezuela, afirmou recentemente que o país é “o centro da luta de classes na América Latina”.