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Venezuela fecha fronteiras com Brasil e Colômbia às vésperas de eleição

Objetivo é 'prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança', diz Exército antes de pleito marcado por irregularidades do regime

Por Da Redação
Atualizado em 26 jul 2024, 22h24 - Publicado em 26 jul 2024, 16h11
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  • As Forças Armadas da Venezuela anunciaram, nesta sexta-feira, 26, “o fechamento para a circulação de pessoas pela fronteira, bem como a passagem de veículos”, por ocasião das eleições presidenciais do próximo domingo, 28, comunicou o comandante operacional estratégico da instituição militar, Domingo Hernández Lárez.

    Antes do responsável ter relatado o referido “fechamento” por meio do X, antigo Twitter, uma resolução recente dos Ministérios da Defesa e do Interior, datada de 18 de julho, já estabelecia um “controle rigoroso” da “circulação fronteiriça de pessoas, tanto por via terrestre, aérea e marítima, como da passagem de veículos”, ainda sem se referir a qualquer tipo de barreira nas divisas.

    Hernández Lárez indicou que a medida começou a ser aplicada logo após a meia-noite do horário local nesta sexta-feira (1h em Brasília) e deve durar até às 8h da próxima segunda-feira, 29. A resolução conjunta dos ministérios indicava anteriormente que o controle rígido das fronteiras se prolongaria até as 23h59 do dia 29.

    O comandante das Forças Armadas explicou que o objetivo é “proteger a inviolabilidade das fronteiras e prevenir atividades de pessoas que possam representar ameaças à segurança” da Venezuela, que compartilha fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil.

    “Os órgãos de segurança e apoio aos cidadãos têm o dever de implementar medidas especiais que proporcionem a devida proteção aos cidadãos para garantir o seu direito de participação nas eleições presidenciais de 28 de julho”, disse Hernández Lárez.

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    Dia tenso

    Os venezuelanos irão às urnas no domingo, 28, em um pleito no qual, pela primeira vez em 25 anos, a oposição está no páreo para vencer as eleições presidenciais contra o chavismo. Pesquisa divulgada pelo Instituto Delphos na terça-feira, 23, indicou que a coalizão de onze partidos de centro que desafia o regime tem 60% dos votos, 35 pontos a mais que o atual mandatário, Nicolás Maduro, e que a taxa de participação também deve ser alta: 80% disseram que irão às urnas.

    O clima de tensão é palpável, diante do risco elevado de Maduro perder e não reconhecer a derrota. Desde o início da campanha, Maduro tem adotado um discurso de intimidação a adversários e eleitores, mas subiu o tom na semana passada, quando declarou que, caso perca, haverá “banho de sangue” e “guerra civil”. Além disso, vem usando e abusando de manobras para eliminar qualquer sombra de risco em seu percurso rumo ao terceiro mandato.

    A Venezuela acumula um vasto histórico de pleitos em que a banda antigoverno perde forças ao se pulverizar por completo. Agora, porém, tudo conduzia a um nome único e com gás para enfrentar Maduro — María Corina Machado, 56 anos, vencedora das primárias e favorita nas pesquisas. Mas eis que o governo a inabilitou por quinze anos, elencando motivos pífios. “Foi uma decisão arbitrária. Eles controlam todos os órgãos públicos”, disparou a VEJA Corina. Ela foi substituída pelo desconhecido diplomata Edmundo González Urrutia, único representante da coalizão Mesa Unitária Democrática (MUD) que conseguiu registrar a candidatura.

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    “As eleições na Venezuela são apenas uma forma de Maduro se manter no poder sob a aura de uma democracia funcional que não existe”, disse a VEJA Benigno Alarcón, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Andrés Bello, em Caracas.

    O rol de irregularidades é imenso e não para. Uma condição fundamental para a lisura da votação seria o registro cuidadoso dos eleitores aptos a votar — desde 2005 o recenseamento está à deriva, um modo torto de garantir controle das urnas, evitando o crescimento da massa eleitoral que deseja o fim do “madurismo”.

    Em paralelo, o regime vem aumentando a repressão à dissidência. Ao menos 37 figuras da oposição foram presas desde o início do ano, incluindo o chefe de segurança de Corina, e a autoridade fiscal fecha quaisquer hotéis e restaurantes que abrem as portas àquelas que ainda estão livres. No início do ano, também foi expulsa de Caracas a missão do Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas, deixando o escritório vazio.

    Assim, busca-se abafar vozes contrárias e esconder o que é evidente: a miséria de um país em colapso econômico, com queda de 80% do PIB na última década e cerca de 7,7 milhões de refugiados, segundo a ONU. No Índice de Liberdade de Imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras, a Venezuela está na 156ª posição entre 180 países. Pelo andar da carruagem, Maduro deve se agarrar com unhas e dentes ao Palácio de Miraflores – para ele, aparentemente, algo mais valioso do que o bem-estar da população.

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