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Venezuelanos libertados de prisão em El Salvador descrevem ‘filme de terror’

Trio passou 125 dias no Centro de Confinamento de Terroristas, detenção de segurança máxima criada para lideranças de gangues

Por Flávio Monteiro
Atualizado em 23 jul 2025, 12h18 - Publicado em 23 jul 2025, 11h56

Três venezuelanos libertados do Centro de Confinamento de Terroristas, o CECOT, em El Salvador, descreveram a experiência como um “filme de terror”. O trio retornou ao país natal nesta semana, após um acordo entre Estados Unidos e Venezuela libertar 252 imigrantes encarcerados no complexo prisional na sexta-feira, 18. As declarações foram dadas ao jornal americano The Washington Post.

Júlio González Jr, Joen Suárez e Angel Blanco Marin foram deportados em março e passaram 125 dias na prisão de segurança máxima salvadorenha. Eles afirmam que não tiveram permissão de acesso a advogados e que agressões físicas e morais eram constantes no local.

“Me senti um animal”, descreveu González, ao Washington Post. Ele era faxineiro no Texas e concordou em sair sem resistência dos Estados Unidos, acreditando que o voo o levaria de volta à Venezuela.

Ao perceber que não estava na Venezuela, o trio relatou ter se recusado a sair do avião. Eles foram espancados pelos guardas até desembarcarem. Junto de outros imigrantes, os três entraram em um ônibus, que os levou a um enorme complexo prisional, onde ficaram cerca de quatro meses. 

A administração do presidente americano Donald Trump pagou US$ 6 milhões a San Salvador para manter centenas de imigrantes no local, o maior complexo penitenciário do mundo. Muitos destes sem ter vínculo algum com El Salvador.

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O local “parecia uma gaiola”, declararam. Durante a noite, o frio era congelante. De dia, o calor era insuportável. Suárez disse não haver espaço ao ar livre e que somente algumas celas tinham acesso ao sol. Os detentos não recebiam sabão e pasta de dente regulamente, e as celas cheiravam a urina e esgoto. Blanco vomitou em seu primeiro dia, e não conseguiu limpar a camisa por dias.

Uma tentativa de greve de fome, em abril, piorou as condições na prisão, fazendo guardas dispararem balas de borracha contra alguns detentos. 

Os imigrantes retornaram ao seu país natal em meio aos 252 venezuelanos trocados por 10 cidadãos americanos e residentes permanentes dos Estados Unidos devido a um acordo entre Caracas e Washington. No entanto, as consequências da estadia no CECOT permanecem.

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González afirmou que teve mais de 6 mil dólares roubados após ser obrigado a se despir na chegada ao complexo prisional. O dinheiro estava em sua cueca, e nunca foi devolvido. Blanco, por sua vez, disse ter perdido um molar devido aos constantes espancamentos que sofria. Ele relatou ter atendimento médico negado por um mês inteiro.

Os relatos dos venezuelanos coincidem com aqueles feitos anteriormente pelos advogados de Kilmar Abrego García, salvadorenho de 29 anos deportado dos Estados Unidos em março. García foi solto somente neste mês, após ordens judiciais.

O governo dos Estados Unidos permaneceu indiferente ao relato dos imigrantes. “Ouvimos muito sobre histórias falsas e tristes de membros de gangues e criminosos, mas não o suficiente sobre suas vítimas”, afirmou a secretária adjunta de assuntos públicos do Departamento de Segurança Interno, Tricia McLaughlin.

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“Mais uma vez a mídia se desdobra para defender membros de gangues criminosas ilegais”, declarou McLaughlin.

Segundo um porta-voz do órgão, o país deportou “quase 300 terroristas do Tren de Arágua e da MS-13” para El Salvador, “onde eles não representam mais uma ameaça ao povo americano”. González, Suárez e Marin negaram ter qualquer filiação a gangues. Nenhuma prova da afiliação dos três aos grupos criminosos foi apresentada pelos Estados Unidos ou por El Salvador.

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