Vice-presidente do Equador é acusada de ‘tentativa de golpe’ contra Noboa
Verónica Abad denunciou o presidente do país por 'violência política de gênero' e pediu que ele fosse destituído do cargo
A vice-presidente do Equador, Verónica Abad, foi acusada de “tentativa de golpe” nesta quarta-feira, 14, pelo próprio governo do país após apresentar uma denúncia contra o chefe de Estado, Daniel Noboa, por violência política de gênero.
O ministro do Interior do Equador, Michele Sensi, afirmou que as alegações de Abad, que acusou o presidente de afastá-la propositalmente do governo, representam “uma tentativa grosseira de desestabilização e configuram uma clara tentativa de golpe de Estado.”
“A atitude de Verónica Abad não surpreende. Há muito tempo que ficou claro que não compartilhava os valores ou os princípios deste governo”, acrescentou Sensi em comunicado. Segundo o ministro, o Executivo classifica a acusação da vice-presidente como “uma tentativa desesperada de acessar o poder a qualquer custo”.
Denúncia contra Noboa
Logo após assumir o poder no final do ano passado, Noboa nomeou Abad como embaixadora plenipotenciária do país em Israel, enviando a vice para Tel Aviv com a missão de buscar a paz na região.
Baseada na capital israelense até hoje, Abad alegou que sua função no conflito entre Israel e Hamas é “inútil” e que o presidente a afastou injustamente, ofuscando a representação igualitária de gênero em seu governo. Em uma entrevista ao jornal espanhol El País, Abad afirmou que os dois nunca mais se falaram depois que a chapa venceu a eleição.
De acordo com ela, Noboa está tentando pressioná-la a deixar o cargo para garantir que não assuma a Presidência no período que, conforme as leis do país, ele se afastará para realizar sua campanha de reeleição no ano que vem. O Executivo já afirmou que a substituição do chefe de Estado por sua vice durante a campanha seria “nefasta” e ameaçaria os planos da administração.
A denúncia de violência política de gênero apresentada por Abad na segunda-feira 12 apela para que o Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE) do Equador afaste Noboa do cargo. No mesmo dia em que ela emitiu a queixa, o então presidente da corte, Fernando Muñoz, foi destituído em uma sessão extraordinária – que ele definiu como ilegal.
A acusação da vice-presidente pode ser considerada como uma infração eleitoral “muito grave” e acarretar na suspensão dos direitos políticos de Noboa pelo período de dois a quatro anos, além da destituição do cargo e uma multa.