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Violência marca novo protesto em Hong Kong, desafiando governo chinês

Mesmo com ameaça de intervenção do Exército da China, intensificam-se os protestos na ilha

Por Kátia Mello 3 ago 2019, 12h33

Apesar das advertências do governo chinês, uma gigante manifestação tomou as ruas de Mongkok, subúrbio densamente povoado de Hong Kong, neste sábado 3, em uma crise que se intensifica no território semiautônomo. Manifestantes armaram barricadas em frente a um shopping e colocaram fogo em sinalizadores de trânsito e em um carro dentro de um posto policial.

No confronto, a polícia atirou balas de borracha e lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os ativistas. Os manifestantes respondem com objetos contra os agentes.

Duas manifestações estão previstas para domingo, uma na ilha de Hong Kong e outra no setor de Tseung Kwan O. Para segunda-feira foi convocada uma greve geral na cidade, assim como protestos em sete localidades. O Exército chinês ameaça intervir.

A ex-colônia britânica, que enfrenta a pior crise desde a retrocessão em 1997, registra oito fins de semana consecutivos de grandes mobilizações. A crise explodiu há dois meses, com a oposição a um projeto de lei em Hong Kong – atualmente suspenso – que permitiria extradições para a China. Mas o movimento se transformou em uma campanha de denúncia contra a redução das liberdades na megalópole e para exigir reformas democráticas.

Em virtude do princípio “Um país, dois sistemas” pelo qual o Reino Unido cedeu Hong Kong a China, a cidade goza de liberdades desconhecidas no restante do país, ao menos até 2047. Mas cada vez mais os moradores de Hong Kong temem que Pequim viole o acordo.

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Muitos mencionam a detenção na China de livreiros de Hong Kong, a perseguição de políticos famosos e a detenção de líderes do movimento pró-democracia.

As agressões a manifestantes no fim de julho por parte de supostos membros das chamadas tríades – grupos criminosos de origem chinesa que operam na China e em Hong Kong – deixaram 45 feridos e aumentaram ainda mais a tensão.

Na quinta-feira, as autoridades anunciaram a detenção de sete homens e uma mulher acusados de posse de explosivos.

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A repressão aumenta no território. Esta semana, 44 manifestantes foram acusados por participação nos distúrbios, um crime que pode ser punido com até 10 anos de prisão.

As autoridades advertiram que os funcionários públicos, que protestaram na sexta-feira em uma iniciativa inédita para um setor conhecido por seu conservadorismo e discrição, correm o risco de demissão.

A chefe do Executivo, Carrie Lam, que suspendeu o polêmico projeto de lei, tem feito poucas aparições públicas. Os manifestantes exigem sua renúncia e uma investigação independente sobre a estratégia policial, assim como anistia para as pessoas detidas pelos protestos, a retirada total do projeto de lei e o direito de escolher seus dirigentes.

(Com AFP)

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