Após comunicar que faltaria à Cúpula do G20 em Nova Délhi, que começa nesta sexta-feira, 8, e ignorar os principais líderes mundiais que estarão no encontro, o presidente da China, Xi Jinping, recebeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Pequim para uma visita oficial de seis dias.
Ao faltar o fórum multilateral que conta com os principais representantes do bloco ocidental, o líder chinês evita possíveis pautas polêmicas, como uma disputa territorial com a Índia, que é apoiada pelos Estados Unidos, as tensões diretas com Washington, e sua complacência com a Rússia no contexto da guerra na Ucrânia. Em vez disso, optou por um diálogo mais amigável em casa.
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A China mantém relações próximas com o governo de Maduro, que, por sua vez, é um dos países mais isolados internacionalmente, por meio de sanções econômicas lideradas pelos americanos. Pequim é um dos principais credores da Venezuela, cuja dependência de empréstimos aumenta na mesma medida que o PIB cai – 80% em uma década, consequência da crise.
Pequim emprestou US$ 50 bilhões para Caracas de 2010 a 2020, valor que deveria ser pago com envios de petróleo. No entanto, em 2018, o dado mais recente, a dívida ainda superava US$ 20 bilhões.
Maduro busca na China um aliado para enfrentar o duro isolamento das sanções e combater a crise econômica. A Venezuela esperava, no mês passado, encontrar respaldo também entre os Brics, que aprovaram a entrada de seis novos membros no grupo dos países emergentes. No entanto, Caracas ficou de fora, mesmo com o apoio de Pequim.
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Ao desembarcar na cidade de Shenzhen, após chuvas torrenciais causarem caos e inundações no sul da China, o líder venezuelano classificou a visita como histórica.
“Bom dia Venezuela! Chegamos a Shenzhen, cidade da República Popular da China, prontos para o que será uma visita histórica para fortalecer os laços de cooperação e construir uma nova geopolítica global”, afirmou Maduro na plataforma X, antigo Twitter. Ele acrescentou, fazendo piada: “Choverão boas notícias para o povo venezuelano.”
¡Buenos Días Venezuela! Llegamos a Shenzhen, ciudad de la República Popular China, listos para lo que será una visita histórica para el fortalecimiento de los lazos de cooperación y la construcción de una nueva geopolítica mundial. ¡Pendientes! Lloverán buenas noticias para el… pic.twitter.com/lzhexFRbVU
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) September 8, 2023
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A delegação venezuelana inclui a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que visitou Xangai e Pequim durante a semana, e esteve presente numa cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia em Bruxelas, em julho.
Também faz parte da comitiva o deputado (e filho de Maduro) Nicolás Guerra. Eles foram recebidos por autoridades chinesas e do Brics, como o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, e a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, que comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (conhecido como Banco do Brics).
De acordo com o filho de Maduro, a viagem é uma oportunidade para ratificar a vontade da Venezuela de aderir ao Brics. Já o chanceler Yi classificou a relação entre os países como “de ferro” e prometeu apoio de Pequim para que Caracas defenda sua “independência e dignidade nacional”.