O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta quarta-feira, 4, a maior mudança em seu governo desde o início da invasão russa ao país, em fevereiro de 2022. Pelo menos sete ministros, incluindo o chanceler Dmytro Kuleba, apresentaram renúncias, equivalente a um terço do gabinete, e um assessor presidencial foi demitido. O líder ucraniano prometeu que as alterações darão “força renovada” ao país em meio à intensificação de ataques russos, que deixaram mais sete mortos nesta manhã.
As mortes ocorreram devido a um bombardeio à cidade de Lviv, geralmente considerada um porto seguro. Dentre as vítimas, estavam três crianças, segundo o prefeito da cidade, Andriy Sadovyi. Outras 38 pessoas ficaram feridas.
Na cidade natal de Zelensky, Kryvyi Rih, outro ataque aéreo fez pelo menos cinco feridos nesta quarta-feira. As investidas se intensificaram desde a semana passada, quando a Rússia lançou 200 drones e mísseis de uma vez contra cidades ucranianas e suas infraestruturas energéticas, o “maior ataque” do tipo desde o início da guerra, segundo Kiev.
Nova fase da guerra
Em um discurso na noite de terça-feira 3, Zelensky justificou que as mudanças no gabinete eram necessárias devido a um “outono extremamente importante” para o conflito, que no Hemisfério Norte começa em 22 de setembro. Ele prometeu dar “uma ênfase ligeiramente diferente” na política externa e interna ucraniana.
Vários ministros e altos funcionários já apresentaram cartas de renúncia, e um assessor presidencial foi demitido. Esperada há meses, a reformulação foi retratada como uma “reinicialização” política arquitetada por Zelensky e seu círculo mais próximo antes do inverno, que deve ver ataques renovados à infraestrutura energética do país, provocando cortes de eletricidade justamente no período mais frio do ano.
“O outono será extremamente importante para a Ucrânia. E nossas instituições estatais devem ser criadas para que a Ucrânia alcance todos os resultados de que precisamos. Devemos fortalecer algumas áreas no governo, e as decisões de pessoal foram preparadas para isso”, afirmou o presidente.
Entre os ministros importantes que renunciaram aos cargos estão Olha Stefanishyna, vice-primeira-ministra e responsável por liderar a iniciativa ucraniana para ingressar na União Europeia, e Oleksandr Kamyshin, ministro das Indústrias Estratégicas, que supervisiona a produção e o desenvolvimento de armas. Alguns deles ainda podem ser realocados em outros cargos no governo.
As renúncias serão discutidas no parlamento. David Arakhamia, chefe da facção parlamentar do partido Servo do Povo, de Zelensky, disse que mais demissões vão ocorrer na quinta-feira, 5, terminando em uma troca de mais de 50% do gabinete.