Professor defende questão com a ‘grande pensadora’ Valesca Popozuda
Docente diz que usou pergunta da prova para chamar a atenção da imprensa
Uma prova de filosofia do Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga, no Distrito Federal, rodou a internet esta noite. No teste, o professor Antônio Kubitschek questiona os alunos sobre o que diz a “grande pensadora contemporânea” Valesca Popozuda em sua música “Beijinho no Ombro”, hit de funk lançando há três meses.
Na prova de múltiplas escolhas, os alunos deveriam completar o trecho da música que diz “se bater de frente…” com as seguintes opções: A) “É só tiro, porrada e bomba”; B) “É só beijinho no ombro”; C) “É recalque” ou D)”É vida longa”. Para aqueles que não conhecem o funk, a resposta é a letra A.
Segundo Kubitschek, responsável pela prova, a pergunta foi colocada no contexto de um debate em sala de aula sobre a formação moral da sociedade e sobre a construção de valores. “Discutimos em sala que a escola só aparece na mídia em contextos ruins. Há 20 dias fizemos uma exposição de fotos e nenhum veículo de comunicação deu atenção. Eu decidi colocar uma questão como essa na prova esperando a repercussão nas redes sociais e na imprensa”, afirmou em entrevista à rádio CBN.
Ainda segundo o docente, o uso do termo “grande pensadora” não foi colocado entre aspas na prova porque ele acredita que a funkeira tem influência sobre a sociedade. “Por que não posso chamar a Valesca de pensadora? Qualquer pessoa que consiga construir um conceito é um filósofo. A todo momento em que você abre sites e revistas de fofocas, aparece que fulano ‘deu beijinho no ombro’. Ela acabou criando um conceito. Se ela influencia a sociedade com o que ela pensa, eu a considero sim uma pensadora”.
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Valesca disse ainda: “O que me espanta mesmo é todo mundo se preocupar com uma única questão da prova sem analisar os termos por trás disso tudo. E se o professor colocou a questão dentro do contexto da matéria? Eu fiquei foi bem honrada, tanto pela pergunta quanto com o titulo de pensadora. Mas isso eu vou ter que recusar porque é um titulo muito forte e eu ainda não me sinto pronta pra isso.” Ao fim do post, a cantora ainda ironizou: “Vou ali ler um Machado de Assis e treinar para, quem sabe, um dia conseguir ser uma pensadora de elite!”
Kubitschek diz concordar com a afirmação da funkeira. “Eu concordo com ela. E digo mais: se fosse uma música do MC Catra [outro funkeiro] não teria gerado polêmica, porque ele não é mulher. A sociedade não vê a mulher como um ser pensante. Essa ação mobilizou muitas pessoas para o debate sobre o papel da escola e esse era meu intuito.”
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação do Distrito Federal não comentou os fatos.