À PGR, Joesley deve negar que teve orientação para gravar Temer
Empresário e executivos do Grupo J&F falarão ao Ministério Público Federal que ex-procurador Marcelo Miller não influenciou delação premiada
O empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, presta depoimento na tarde desta quarta-feira na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, no qual deve dizer que não recebeu orientação do ex-procurador Marcelo Miller para gravar o presidente Michel Temer. A gravação do peemedebista, em uma conversa no Palácio do Jaburu, abriu a porta para que os empresários do grupo conseguissem negociar um acordo de delação premiada com a PGR.
Joesley chegou à capital pela manhã, junto do diretor jurídico do grupo, Francisco de Assis e Silva, e do diretor de relações institucionais, Ricardo Saud. Os três prestam esclarecimentos à Procuradoria no procedimento que pode revogar o benefício de imunidade penal concedido aos delatores da JBS. Em gravação que veio à tona no início da semana, Saud e Joesley falaram sobre uma suposta influência de Miller nas tratativas para a delação. O ex-procurador foi exonerado da PGR no início de abril e, segundo o Ministério Público, teve o primeiro contato com os executivos para tratar da delação por volta do dia 27 de março.
Os delatores dirão à PGR que conheceram Miller já na condição de advogado e que ele não teve ingerência no acordo de colaboração do grupo. Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco Assis e Silva ainda devem afirmar na oitiva que o ex-procurador foi avisado de forma superficial sobre a intenção de buscar a PGR para delatar. Na mesma época, Joesley buscava um nome para assumir a área de compliance e combate à corrupção da JBS.
O dono do grupo J&F também deve confirmar que nunca esteve pessoalmente com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que não passaram de “bravatas” as menções feitas a ele e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O primeiro a ser ouvido pela PGR, nesta manhã, foi o diretor jurídico da empresa. São ouvidos à tarde Joesley e Saud. Depois dos depoimentos, os três devem embarcar de volta para São Paulo.
O procedimento de revisão do acordo de delação premiada, aberto por Janot, é conduzido pela subprocuradora da República Cláudia Marques, que ouvirá Marcelo Miller amanhã. Ela também deve analisar informações do escritório Trech, Rossi e Watanabe – onde ele chegou a trabalhar após ser exonerado do Ministério Público Federal.
Janot concedeu inicialmente até sexta-feira para que todos os esclarecimentos sejam prestados. A intenção é chegar a uma conclusão o quanto antes, para solucionar o problema dentro dos 10 dias que ele ainda possui à frente do cargo de procurador-geral da República. No próximo dia 17, Raquel Dodge assumirá o cargo.
(com Estadão Conteúdo)