A reação do comandante do Exército aos ataques de Malafaia
O pastor cobrou a renúncia dos três chefes das Forças Armadas durante ato pró-Bolsonaro
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, decidiu adotar o silêncio e não responder aos ataques feitos pelo pastor Silas Malafaia durante o ato em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro realizado no último domingo, 21, no Rio de Janeiro.
A interlocutores, no entanto, ele minimizou as declarações do pastor e chegou a tratá-las com brincadeira. Conforme definiu um auxiliar de Tomás Paiva, ser atacado por Malafaia demonstra que se está no lado certo. “É digno de se colocar no currículo”, ironizou.
Em palestras e conversas privadas, o chefe do Exército vem exaltando sua preocupação com o extremismo provocado pela mistura entre o fanatismo religioso e a polarização política – o que acontece não só no Brasil, mas em diversos países do mundo.
Diante de uma multidão, Malafaia, que foi o organizador da manifestação, fez pregações e cobrou a renúncia dos três comandantes das Forças Armadas – Marcos Olsen, da Marinha, Tomás Paiva, do Exército, e Marcelo Damasceno, da Aeronáutica. Ao citar os militares, a multidão ensaiou uma vaia.
“Se esses comandantes militares honram a farda que vestem, renunciem dos seus cargos. E nenhum outro oficial de quatro estrelas assuma até que haja uma investigação profunda do Senado”, afirmou Malafaia, fazendo referência a eventuais apurações de parlamentares sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O pastor ainda criticou as ações adotadas contra o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid, que está preso e teve a promoção a coronel barrada pelo Exército. No discurso, Silas Malafaia afirmou que a carreira do “brilhante oficial” foi “detonada por esse ditador”.
“Vergonha”
No último dia 17, durante depoimento à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o comandante do Exército não manteve o silêncio e subiu o tom diante de críticas de parlamentares da oposição, que questionavam as ações judiciais adotadas em consequência dos ataques do 8 de janeiro e das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe no país e acatadas pelas Forças Armadas.
“Eu tenho vergonha de, buscando popularidade, não cumprir a lei. Disso eu tenho vergonha – e não de cumprir uma decisão”, afirmou o chefe do Exército.