O atentado contra o então candidato Jair Bolsonaro até hoje alimenta uma série de teorias da conspiração. Na entrevista a VEJA, o presidente reafirma a suspeita de que foi vítima de uma trama ainda a ser desvendada. Preso desde o dia do ataque em Juiz de Fora (MG), Adélio Bispo de Oliveira foi avaliado por uma junta de especialistas, incluindo médicos e psicólogos, que produziu laudos e pareceres sobre o estado mental do garçom. VEJA teve acesso ao material. Os relatos obtidos pelos técnicos revelam o que se passava na cabeça do criminoso. Leia a matéria completa, publicada na edição desta semana.
A Polícia Federal já havia colhido evidências de que Adélio não é normal. Ouvido pelos peritos, o garçom contou que começou a pensar em matar Bolsonaro quando soube que, caso fosse eleito, ele pretendia “fuzilar os petralhas”. Petralha é um neologismo que nasceu da fusão de “petista” com “metralha” — um militante ladrão. Acabar com a vida do candidato do PSL era uma missão divina para Adélio. O garçom confidenciou que “ouviu a voz de Deus dizendo que somente ele poderia salvar o Brasil da destruição”. Os delírios, ao que tudo indica, foram construindo o enredo da tragédia. De acordo com os peritos, Adélio tem uma “doença psicótica” grave.
No dia 6 de setembro, ao verificar que o presidente estava hospedado em um hotel em frente a uma praça onde havia monumentos maçônicos, Adélio não teve dúvidas: “Bolsonaro era maçom” e, por isso, entregaria as riquezas do país “ao Fundo Monetário Internacional, aos próprios maçons e à máfia italiana”. Convencido disso, ele pegou uma faca de cozinha, infiltrou-se na multidão que acompanhava um comício de Bolsonaro em Juiz de Fora e o golpeou no abdômen. A missão fracassou, mas, segundo o garçom, ainda será concluída.
Adélio disse aos médicos que, ao sair da cadeia, vai matar Jair Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer, que “também participaria da conspiração maçônica”. Por precaução, a Justiça enviou cópias do laudo ao Palácio do Planalto. O garçom está no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS). Numa carta enviada a seus advogados, pediu para ser transferido. O lugar, segundo ele, está impregnado de “energia satânica”.