Discretamente, dois advogados ligados ao PT e que acompanharam Lula durante os 580 dias em que o petista ficou preso na Lava-Jato têm tentado reaproximar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli do presidente. Um colega de toga de Toffoli na Corte também tem trabalhado nos bastidores para que os dois voltem a manter relações cordiais depois de anos de afastamento, agravado em especial pelo fato de o magistrado não ter autorizado que o mandatário deixasse a cadeia para acompanhar o velório do irmão Vavá, em 2019.
Interlocutores de Lula relataram a VEJA que o veto do juiz tido pelo presidente como “filho do PT” foi um dos momentos de maior ira dele enquanto cumpria pena em uma sala da Polícia Federal em Curitiba. “Naquele momento, o PT era a Geni, e Toffoli incorporou isso”, resumiu um interlocutor que monitora a tentativa de reaproximação.
Por mais de uma vez Toffoli fez chegar ao presidente a versão de que o veto à presença dele no velório de Vavá e a autorização para que participasse do velório em uma unidade militar em São Paulo teriam sido combinados com o então advogado do petista Eugênio Aragão. Aragão nega.
Os três aspirantes a apaziguadores têm aproveitado os sucessivos acenos do ministro do STF, que desde a eclosão da Vaza-Jato tem buscado reconstruir pontes com o Executivo. Como se sabe, Toffoli foi braço direto do ex-todo-poderoso José Dirceu, integrou o primeiro escalão do governo Lula como Advogado-geral da União (AGU) e sempre foi escolha certa do petista para o Supremo, mas se aproximou do bolsonarismo, frequentou reuniões privadas com o ex-presidente e utilizou contatos militares para medir os humores da caserna e o risco de atos antidemocráticos.
O recado dos emissários em prol da reaproximação são dois: o de seria importante recriar laços de confiança com um ministro que ainda permanecerá no cargo por quase 20 anos e o de que os tempos agora são outros. Por outros tempos, leia-se que partiram de Dias Toffoli controversas decisões judiciais que, entre outros pontos, suspenderam a bilionária multa do acordo de leniência da J&F, anularam todos os processos que pairavam sobre a cabeça do empresário Marcelo Odebrecht e liberaram para diferentes autoridades – inclusive do PT – o acervo completo de mensagens hackeadas de procuradores da Lava-Jato e do ex-juiz Sergio Moro.