O afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi mais um capítulo na divisão interna do PSDB. O presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), adotou discrição no caso, ao voltar ao Senado depois de viagem ao exterior: não discursou no plenário e pregou que a melhor solução era aguardar o pronunciamento da Corte.
“Há consenso entre juristas de que a decisão do STF foi um exagero. Então o ideal seria que o próprio Supremo resolvesse”, disse Tasso a jornalistas. Segundo auxiliares do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o tucano tampouco se mobilizou em prol do colega Aécio. A posição contraria Aécio e sua defesa jurídica, que nega agir de forma coordenada com o partido. Nesta terça-feira 3, aliados de Aécio tentavam convencer seus colegas de bancada a enfrentar a decisão do STF e votar no plenário o caso.
Esvaziamento
Tasso levou a bancada para uma reunião no seu gabinete, deixando a liderança tucana esvaziada. Não houve consenso. Ao fim, coube ao líder Paulo Bauer (SC), um dos pilares da reação aecista, dizer que o partido era a favor de realizar a votação, embora a posição fosse por maioria e não unânime.
Tasso não faz nenhum movimento para enquadrar dissidentes do governo, o que ecoa na Câmara. A insurgência dos “cabeças-pretas”- apelido recebido por políticos mais jovens de um partido – levou a bancada a tentar destituir o relator da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), mineiro como Aécio, um dos principais defensores da manutenção do partido no governo.
Na votação à noite, o PSDB decidiu pelo não adiamento sobre o afastamento do senador, como queria a defesa. “Sinto que esse foi o último ato de solidariedade”, disse o senador Ricardo Ferraço (ES). Só ele e Eduardo Amorim (SE) votaram contra Aécio.
(Com Estadão Conteúdo)