Ala do PT resiste a entregar ministério robusto a Boulos
Para integrantes do partido, a pasta das Cidades é “muito grande” para uma legenda com uma representação de 14 deputados
Na reta final das negociações para a distribuição dos ministérios do próximo governo Lula, aliados do presidente eleito travam uma batalha especial em torno do Ministério das Cidades. Sob o guarda-chuva da pasta estão temas de forte impacto popular, como moradia e saneamento, e, por isso, ela entrou na mira daqueles que buscam projeção eleitoral e influência política.
O ministério foi extinto em 2019 pelo governo de Jair Bolsonaro, que decidiu fundir Cidades e Integração no Ministério do Desenvolvimento Regional. Lula, porém, já indicou que deve retomar a formação original – e, assim, instaurou uma disputa sobre quem assumirá a cadeira. Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL) é um dos nomes cotados para a pasta. Nos últimos dias, no entanto, ele virou alvo de fogo amigo dentro do PT.
Pessoas próximas a Lula passaram a dizer que o Ministério das Cidades é “muito grande” para Boulos. Isso porque o deputado integra a federação formada pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, que elegeu 14 deputados nas eleições deste ano. Ou seja, uma representação política muito pequena para angariar uma das pastas mais robustas da Esplanada. “Cidades é muito grande para 14 votos. A tendência é que fiquem com ministérios menores”, disse um influente nome da legenda.
Além disso, há a avaliação de que Boulos deve se “guardar” para 2024, quando pode sair candidato à Prefeitura de São Paulo. Nas eleições deste ano, ele chegou à Câmara como o parlamentar de São Paulo mais votado. “Não vai acumular mais votos do que ganhou”, diz um petista. Outro cotado para a pasta é Márcio França (PSB), ex-governador de São Paulo e braço-direito de Geraldo Alckmin. Ele e Boulos integram a equipe das Cidades no governo de transição. Em meio ao impasse, Lula deve bater o martelo nos próximos dias.