Alckmin rebate Trump e critica ‘maus brasileiros’: ‘o Brasil é ótimo parceiro’
Declarações foram dadas depois de Eduardo Bolsonaro divulgar foto ao lado do secretário dos Tesouro dos EUA, Scott Bessent

O vice-presidente Geraldo Alckmin voltou a afirmar neste sábado, 16, que as altas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil são injustificadas, e também criticou o que chamou de “maus brasileiros” que trabalham contra o país neste momento. Alckmin destacou que o Brasil já isenta de imposto a grande maioria dos produtos que compra dos Estados Unidos e é uma das únicas entre as grandes economias que já é deficitária no comércio com eles, ou seja, já compra mais deles do que o inverso.
As declarações, feitas em uma coletiva a jornalistas durante uma visita a uma concessionária de carros em Brasília, foram dadas depois de Alckmin ser perguntado a respeito do encontro que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou ter tido nos Estados Unidos com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, enquanto o governo brasileiro segue aguardando uma audiência com o responsável de Trump pelas negociações comerciais. As falas também acontecem depois de o presidente americano ter dito em uma coletiva durante a semana que o “Brasil é um péssimo parceiro comercial”.
“Primeiro, gostaria de lamentar que maus brasileiros trabalhem contra o interesse brasileiro”, disse Alckmin. “E de maneira injusta. Porque, em relação à tarifa, 74% do que os Estados Unidos vendem para o Brasil não tem imposto, é zero imposto, e a média tarifária é 2,7%. Não tem parceiro melhor, o Brasil é um parceiro bom.”
Na sexta-feira, Eduardo Bolsonaro fez uma publicação em sua conta no X em que divulgou uma foto ao lado de Bessent e afirmou ter tido “uma excelente reunião com o secretário do Tesouro (dos Estados Unidos)” na última quarta-feira, 13 de agosto. A data é a mesma para quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a ter uma conversa agendada com Bessent para negociar as condições de tarifas aplicadas ao Brasil – mas que, de acordo com o próprio ministro, foi desmarcada pelo governo americano poucos dias antes e segue pendente.
🇺🇸 On Wednesday, August 13, we had an excellent meeting with Treasury Secretary Scott Bessent. It’s a unique opportunity to be able to talk about Brazil and America with someone so well-prepared.
Thank you, @SecScottBessent, for your receptiveness and helpfulness. May the bonds… pic.twitter.com/pBUidVcfiN
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 15, 2025
Em sua fala nesta sábado, Alckmin reforçou que, do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, o Brasil é um dos únicos três países, ao lado do Reino Unido e Austrália, com quem os Estados Unidos já tem a balança comercial positiva para o seu lado. “Não tem nenhuma justificativa [para a tarifa]”, disse.
O vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Comércio e Indústria e tem liderados as negociações ligadas às tarifas, também afirmou que o governo brasileiro segue trabalhando para “continuar o diálogo e as negociações” com os Estados Unidos.
Alckmin destacou, ainda, os benefícios que virão às empresas atingidas pelas tarifas com as medidas de socorro que foram apresentadas nesta semana, e disse que conta com o apoio do Congresso para que tenham seus efeitos acelerados. O pacote de ajuda, que reúne programas de crédito e alívio tributário, foi feito por medida provisória, o que significa que já está em vigor, mas depende de aprovação do Congresso em até 120 dias para que não perca a validade.
As medidas também dependem de aprovação do Projeto de Lei Complementar enviado junto. Ele pede que o custo adicional de 9,5 bilhões de reais em que implicará o pacote seja retirado da conta das metas fiscais deste ano, o que depende de aprovação dos parlamentares.