Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciava, em evento no Theatro Municipal do Rio com parlamentares, ministros e governadores de todo o Brasil, o lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as articulações políticas do estado corriam a todo vapor. Naquela sexta-feira, no último dia 11, o presidente do diretório fluminense do Republicanos, Waguinho, disse que vai apoiar o candidato a prefeito escolhido pela federação PT, PV e PCdoB em Duque de Caxias, segundo maior colégio eleitoral do Rio.
O movimento segue a tendência de renovação da parceria entre Waguinho e os petistas, vista por Lula como importante na luta contra o bolsonarismo no estado, nas eleições presidenciais do ano passado. O engajamento do prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, especialmente no segundo turno, na campanha do petista, já havia lhe rendido um ministério: sua mulher, Daniela Carneiro, comandou a pasta do Turismo até o fim do mês passado, antes de dar lugar a Celso Sabino, após articulações do União Brasil. A mudança, no entanto, não pareceu ter abalado a aliança construída.
Prefeito em seu segundo mandato na cidade de Belford Roxo, Waguinho aumentou sua influência política no estado nos últimos anos — em 2022, Daniela foi a parlamentar mais votada do Rio para a Câmara — e assumiu recentemente o Republicanos, com a missão de recuperar a influência da legenda. O apoio ao candidato da Federação PT-PV-PCdoB foi manifestado em conversa com o vice-presidente do Partido Verde no Rio, André Lazaroni, que tem intensificado as movimentações eleitorais de olho em 2024.
Foi Lazaroni também que levou o ex-prefeito de Duque de Caxias Zito ao PV recentemente. A intenção é aproveitar sua popularidade, já que governou a cidade por três mandatos, para lançá-lo novamente à Prefeitura local no ano que vem. Nas redes sociais, Zito ostenta fotos ao lado de líderes petistas como o próprio Lindbergh e a presidente nacional do partido, Gleisi Hofmann. O grupo mais ligado ao deputado federal e vice-presidente nacional da sigla, Washington Quaquá, no entanto, defende o apoio ao deputado federal Marcos Tavares. Foi ele o único parlamentar eleito pelo PDT para a Câmara no ano passado, apesar do perfil pouco ligado à esquerda — ele apoiou Jair Bolsonaro em 2022 e em 2018, à Presidência, conforme suas redes sociais.
Conforme mostrou VEJA, a estratégia do PT no Rio tem buscado, em primeiro lugar, vencer eleitoralmente o bolsonarismo. O eleitorado fluminense deu 56% dos votos a Jair Bolsonaro no último pleito, e costuma eleger candidatos mais à direita para o Executivo. Em Duque de Caxias, o cenário não será diferente. A cidade é hoje governada por Wilson Miguel, familiar do ex-prefeito Washington Reis, que hoje integra o secretariado do governador Cláudio Castro e tem histórico de campanhas em apoio a Bolsonaro.