Antonio Palocci diz que não pretende voltar para a política
Condenado por corrupção, ex-ministro de Lula acredita que conseguirá anular processos, mas ressalta que, se isso acontecer, quer distância de Brasília
Muito embora esteja estudando uma maneira de se livrar das condenações que sofreu durante a Operação Lava-Jato, o ex-ministro Antonio Palocci já confidenciou a amigos que não tem interesse em voltar para a política. Depois de ter sido preso em 2016, Palocci virou uma persona no grata. Perdeu aliados, amigos, apoio e até mesmo os negócios no ramo de consultoria, onde costumava atuar. Justamente por isso, o ex-ministro do primeiro governo Lula vive em São Paulo, com ajuda de doações da família, a principal responsável por convencê-lo a ficar distante do poder.
Sua rotina, segundo VEJA apurou, tem sido tranquila. Os poucos amigos que restaram contam que ele costuma sair eventualmente de casa e que passa despercebido pelos lugares que frequenta. Nunca foi alvo de hostilidades. Eles relatam também, sem citar nomes, que o ex-ministro tem conversado com apenas uma pessoa ligada a lideranças importantes do PT.
Nesta semana, Palocci teve acesso às mensagens entre procuradores da Lava-Jato e o então juiz Sergio Moro apreendidas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing. A obtenção dos diálogos acontece no momento em que o ex-ministro tenta anular o último dos seis processos que culminaram em suas condenações por corrupção.
Palocci também se prepara para prestar depoimento à Justiça sobre supostos “eventuais abusos e torturas” que teria sofrido depois de ser preso. Ele tinha solicitado uma conversa com o juiz federal Eduardo Appio, que foi afastado dos processos da operação na segunda-feira, 22, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
A partir do acesso às mensagens da Operação Spoofing, o ex-ministro acredita que pode conseguir a anulação de seus processos. Segundo aliados, Palocci se inspira na mesma estratégia utilizada por Lula, a quem delatou durante as investigações, para tentar escapar da Justiça.