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Anúncio de Malafaia por neutralidade causa atrito entre evangélicos no Rio

Pastor vai focar em eleger vereador, chama Paes de “amigo” mas promete apoiar Ramagem se houver segundo turno; decisão gerou troca de farpas com Otoni de Paula

Por Lucas Mathias 6 ago 2024, 18h13

O anúncio do pastor Silas Malafaia, de que vai se manter neutro na eleição deste ano para a Prefeitura do Rio, causou um atrito com o deputado federal e também pastor Otoni de Paula (MDB). Um dos grandes aliados de Jair Bolsonaro nos últimos anos, Malafaia decidiu não apoiar neste momento a aposta do ex-presidente, Alexandre Ramagem (PL). A posição favorece Eduardo Paes (PSD), que lidera as pesquisas de intenção de voto e já garantiu alianças com outros líderes evangélicos. Para Otoni, no entanto, a escolha de Malafaia foi feita para que ele não tenha “constrangimento com ninguém”. 

Ao marcar sua posição neste primeiro turno, Malafaia ressaltou que a prioridade é eleger seu candidato à Câmara local: o pastor e cantor Waguinho (PL). E lembrou da sua proximidade com Paes, que ao longo de seus mandatos manteve boas relações com o segmento evangélico na cidade. O pastor, no entanto, ponderou que a decisão por ficar em cima do muro não é novidade. 

“Nas últimas três ou quatro eleições para prefeito no Rio, sempre me dedico a eleger vereador. Não apoio nenhum candidato”, diz. De fato, no pleito anterior, em 2020, ele não tomou posição no primeiro turno, disputado entre Paes e o bispo da Universal Marcelo Crivella. Em 2018, quando o agora prefeito concorria ao governo do estado, Paes teve o reforço declarado de Malafaia. 

Se houver segundo turno, porém, é Ramagem quem deverá ter a benção do pastor. “Pela convergência de ideias, e também para testar um novo. Eduardo (Paes) se voltou muito para o Lula. Mas ainda é meu amigo”, confirma Malafaia. 

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Troca de farpas

A decisão fez com que Otoni de Paula comentasse o assunto nas redes. O parlamentar, antes identificado com o bolsonarismo, decidiu apoiar pessoalmente Eduardo Paes (PSD) e ocupa hoje a coordenação de sua campanha entre os evangélicos. A postura tem lhe trazido críticas constantes de antigos aliados à direita, especialmente no PL, que lhe chamam de “traidor”. Ele chegou a ser pré-candidato à Prefeitura, o que não avançou internamente em seu partido. 

“A decisão do pastor Silas Malafaia deve ser respeitada”, publicou Otoni, que completou: “Seria Malafaia o mais novo traidor da direita? Claro que não. É inegável a boa relação que Eduardo Paes sempre teve com a comunidade evangélica. Paes não é e nunca foi de esquerda e é bom lembrar que não foi o candidato de Lula na última eleição municipal, e o crescente apoio de lideranças evangélicas comprovam isso”, escreveu. 

A declaração irritou Malafaia. Para ele, Otoni “quer justificar os erros dele porque está apanhando”. “Quer me usar. Ele sempre xingou Eduardo (Paes), e agora vem apoiar”, disse o pastor, que também publicou mensagem contra o deputado nas redes. 

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A VEJA, Otoni rebateu e disse que sua escolha foi pelo conforto. “Ele sabe que não vai ter segundo turno. Portanto, não vai ter constrangimento com ninguém”, disse o deputado, que também é pastor, mas da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, uma vertente distinta da mesma igreja que Malafaia. 

Apesar do posicionamento do pastor, nos bastidores há quem diga que um dos principais quadros políticos de Malafaia, o vereador e secretário estadual de Juventude e Envelhecimento Saudável, Alexandre Isquierdo,também ligado à igreja, já trabalha em nome da reeleição de Eduardo Paes. Isquierdo não tentará voltar à Câmara neste ano, e seus votos devem ir justamente para o candidato de Malafaia, Waguinho. 

Questionado sobre a atuação do aliado, o pastor afirma que há “muita falácia” em períodos eleitorais, e que por ser secretário de estado, Isquierdo tem bom relacionamento com o prefeito da capital fluminense. “Mas ninguém verá ele pedindo voto”, ratifica. 

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