Após a exoneração do agora ex-ministro-chefe da Secretária-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e a divulgação dos áudios aos quais VEJA teve acesso, que revelam a intensa troca de mensagens escritas e de áudio, todas via WhatsApp, entre o presidente Jair Bolsonaro e Bebianno, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou, nesta terça-feira 19, que é hora de “olhar para frente” e pensar na aprovação de reformas apresentadas pelo governo.
Questionado inicialmente sobre o posicionamento da Presidência sobre a divulgação dos áudios, Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro considera que as informações foram devidamente esclarecidas nesta segunda-feira, 18, por meio da divulgação de uma nota e um vídeo distribuído à imprensa. No vídeo, o presidente destacou “a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno à frente da coordenação da campanha eleitoral em 2018”. Ele também agradeceu a Bebianno “pelo esforço e empenho quando exerceu a direção nacional do PSL”.
Em outro momento, quando questionado sobre o fato de os áudios desmentirem a versão de Bolsonaro de que não conversou com Bebianno enquanto esteve internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Rêgo Barros afirmou que o momento é de “vitória do governo”, com a proposta da reforma da Previdência, que será levada ao Congresso nesta quarta-feira, 20, e a apresentação do pacote apresentado pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, ao Congresso, nesta terça-feira.
“Temos que olhar para frente, nós temos uma Previdência que será entregue, melhor falando, a nova Previdência será entregue amanhã. O ministro Moro, hoje, cumprindo uma determinação do nosso presidente da República, apresentou ao Congresso projetos de lei que vão combater uma das piores causas da impossibilidade do nosso país crescer, que é a corrupção. Então, nós temos que olhar para a frente, esse é o intuito do presidente”, disse o porta-voz.
Rêgo Barros afirmou, ainda, que hoje o presidente estava “feliz”, porque participou de uma reunião de discussão sobre detalhes da reforma da Previdência e fez valer suas orientações sobre o tema ao Ministério da Economia. Sem dar mais detalhes, o porta-voz afirmou que a equipe de Paulo Guedes fará pequenas alterações no texto antes de apresentá-lo.
Lei de Acesso à Informação
O porta-voz afirmou, ainda, que o governo não enxerga como derrota o pedido de urgência aprovado pela Câmara dos Deputados nesta terça-fera que poderá sustar os efeitos do decreto editado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que ampliou a funcionários comissionados e de segundo escalão o poder de impor sigilo a documentos públicos.
Se aprovado, voltará a prevalecer a regra de que apenas o presidente, o vice-presidente, ministros e comandantes das Forças Armadas podem classificar informações como secretas ou ultrassecretas. O texto também precisa passar pelo Senado. “Em uma democracia consolidada, as derrotas são aceitas naturalmente, quando se percebe as análises do Congresso. O governo não entende, de forma alguma, como derrota, o fato de que o Congresso esteja a pedir uma análise mais aprofundada no que toca à Lei de Acesso à Informação”, afirmou.
Tratamento à imprensa
Rêgo Barros afirmou que a imprensa é o “ponto de equilíbrio para a consolidação da sociedade”. “Absolutamente, o nosso presidente não enxerga a imprensa como inimiga, ao contrário, a vê como um fortalecimento do seu governo, como fortalecimento da sociedade, e já esboçou isso, já iluminou isso, várias vezes”, disse.