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Presidenciáveis evitam comemorar condenação de Lula no TRF4

Adversários do petista nas eleições de 2018 afirmam que plano para disputa não muda com confirmação da condenação do petista em segunda instância

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 25 jan 2018, 15h43 - Publicado em 25 jan 2018, 10h24
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  • A condenação em segunda instância na quarta-feira, 24, do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) aumenta a possibilidade de o petista ser preso e impedido de disputar a sucessão presidencial em outubro, mas ainda deixa o cenário aberto para seus adversários, dificultando a definição de uma estratégia eleitoral.

    Com exceção do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que assume o discurso antipetista e se coloca no outro extremo do debate, os demais presidenciáveis que se opõem ao PT relutam em defender uma eleição sem Lula. Provável candidato pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, usa sempre a mesma tese de que “a lei é para todos, decisão judicial se respeita e adversário não se escolhe”.

    Mesmo com a decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) o tucano não pretende, ao menos por enquanto, alterar o planejamento traçado até aqui, de se posicionar como o nome da conciliação nacional, da austeridade fiscal e, mais recentemente, como “representante do povo”.

    Assim como o PT está decidido a aguardar o último prazo possível para trocar de candidato, caso a condição de ficha-suja se confirme e o ex-presidente seja barrado pela Justiça Eleitoral, Alckmin também vai esperar para iniciar uma ofensiva direta à herança petista de 13 anos no governo federal centralizada na figura do ex-presidente.

    Aliados do tucano ressaltam que é preciso aguardar as próximas pesquisas de intenção de voto para saber se a condenação de quarta já terá algum impacto no eleitorado petista — após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), há dúvidas sobre a capacidade de transferência de votos atribuída a Lula. Em suas redes, Alckmin disse que o julgamento reafirmou que ninguém está acima da lei. “O Brasil demonstra maturidade e segue em absoluto clima de normalidade democrática. O país deve buscar o rumo da ética”.

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    O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atualmente no exercício da Presidência — Michel Temer (PMDB) está na Suíça —, contrariou a recomendação do governo de manter silêncio sobre o julgamento e divulgou nota oficial. “Construí minha carreira combatendo, no campo da política, as teses defendidas pelo ex-presidente Lula e pelo PT. Ainda assim, quem tem responsabilidade pública, em qualquer nação, não pode estar celebrando o dia de hoje.”

    Considerado pré-candidato à eleição presidencial, Maia afirmou ainda que, apesar da condenação ter sido confirmada pelo TRF-4, “na política, o melhor foro de enfrentamento de teses diferentes é a campanha eleitoral”. “Nela, o veredicto é dado pelas urnas. Mas a campanha não começou, e quem se pronunciou hoje foi o Poder Judiciário. É necessário ouvi-lo e respeitá-lo”, declarou. Presente na comitiva de Temer à Suíça, o ministro da Fazenda e também presidenciável, Henrique Meirelles (PSD-SP), não se manifestou na quarta sobre o julgamento de Lula.

    Munição

    Menos discreto, Bolsonaro postou foto em que aparece na frente da TV comemorando a condenação quando o placar ainda estava 2 a 0 contra o recurso apresentado pela defesa do petista. Na legenda, o parlamentar classificou a condenação naquele momento por maioria como um “tiro de .50 na corrupção”, em referência ao tipo de munição, uma metralhadora de alto alcance.

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    No início da noite, o vice-líder das pesquisas afirmou que o resultado “será usado pela esquerda para continuar se vitimizando como fizeram no período militar”. As declarações foram dadas pelo deputado durante transmissão via Facebook realizada na página de um de seus filhos, Flávio Bolsonaro (PSC), que é deputado estadual no Rio de Janeiro. A transmissão fora anunciada sob o título “Liberdade 3 x 0 Lula”.

    “Mais um dia histórico para todos nós. Eu costumo dizer que tão importante quanto você combater a corrupção é você combater o socialismo e evitar que o Brasil chegue a um ponto tal que não dê para retornar mais. Ouso dizer que, se Dilma tivesse continuado, acho que dificilmente fugiríamos de um regime como está a Venezuela e como está entrando a Bolívia.”

    Pré-candidato pelo PPS, Cristovam Buarque (DF) afirmou que a confirmação da sentença contra Lula vai gerar “indecisão” no processo eleitoral. “A primeira consequência (para as eleições) é a indecisão. Vamos participar sem saber quem são os candidatos, quais vão chegar até o final, quais candidatos serão cassados ou não. A segunda é a credibilidade. É óbvio que gera uma perda de credibilidade no processo eleitoral se o candidato que tem mais prestígio neste momento sai por razões jurídicas, mesmo que em um julgamento justo.”

    Colega de Senado e presidenciável pelo Podemos, Álvaro Dias (PR) classificou o julgamento como “emblemático”. “Ninguém acima da lei, mesmo um ex-presidente.” A ex-ministra Marina Silva, pré-candidata ao Planalto pela Rede, reiterou apoio ao trabalho de Justiça e afirmou que “todos são iguais perante a lei”.

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