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Após relato de Yunes, senador vai à PGR contra Temer e ministros

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) quer que a Procuradoria investigue se envelope entregue a amigo de Temer era propina da Odebrecht

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 19h16 - Publicado em 2 mar 2017, 21h42

O senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade, vai ingressar na próxima terça-feira com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo investigação sobre o misterioso envelope entregue no escritório de advocacia de José Yunes, amigo pessoal e ex-assessor do presidente Michel Temer, pelas mãos do doleiro Lúcio Funaro, preso na Lava-Jato. Conforme delatado aos investigadores, a Odebrecht pagou propina em dinheiro vivo deixado no escritório de Yunes. A VEJA desta semana, o advogado nega ter conhecimento do conteúdo do envelope e afirma ter servido como “mula involuntário” do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que, na ocasião, teria pedido a ele para receber um “documento”.

Na ação que será protocolada na próxima semana, o senador pede que a Procuradoria instaure um procedimento investigatório contra Michel Temer, os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), e também contra o próprio Yunes.

O congressista cita a delação do ex-vice-presidente da Odebrecht, Claudio Melo Filho, que afirmou que, em 2014, depois de um pedido pessoal do então vice-presidente Michel Temer, a Odebrecht repassou 10 milhões de reais em dinheiro vivo, contabilizados em seu departamento de propina, a pessoas da confiança de Temer. Conforme Melo Filho, 6 milhões de reais irrigaram a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. O pagamento do valor restante foi realizado “via Eliseu Padilha”, e um dos endereços de entrega do dinheiro foi o escritório de advocacia de José Yunes. Moreira Franco também foi citado na delação por atuar no esquema de captação de recursos para o PMDB.

A representação que será entregue à PGR ainda destaca as perguntas feitas por Eduardo Cunha, também preso na Lava-Jato, a Michel Temer, arrolado como testemunha do ex-deputado. O ex-presidente da Câmara questionou a relação entre Temer e José Yunes; se Yunes recebeu alguma contribuição de campanha e se as contribuições, caso recebidas, foram realizadas de forma oficial ou não declarada. As perguntas, porém, acabaram vetadas pelo juiz Sergio Moro.

“Há indícios do cometimento do crime de corrupção passiva, qual seja o ilícito criminal cometido por funcionário público que, em razão de sua função, ainda que fora dela ou antes de assumi-la, solicita ou recebe, para si ou para outrem, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem”, diz a ação que será apresentada pela Rede. “Merece diligenciamento investigativo a eventual existência de organização criminosa chefiada por Michel Temer e Eliseu Padilha, já que a síntese fática denota a existência de ‘associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza’”, acrescenta.

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