Neófito na política e eleito parlamentar depois de liderar ameaças antidemocráticas e atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado de primeiro mandato Zé Trovão (PL-SC) provocou recentemente uma confusão interna na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), poderoso grupo com mais de 200 deputados e senadores ligados ao agro. Em benefício próprio, ele orientou os congressistas a votarem de forma diametralmente oposta aos interesses do setor.
Há algumas semanas, em um grupo fechado de WhatsApp formado por deputados da frente, Zé Trovão deu aos parlamentares orientações para votarem a fim de garantir que os custos do seguro de uma carga transportada em caminhões sejam arcados por produtores rurais, e não pelas empresas ou donos de veículos de transporte. A proposta atende à perfeição aos interesses de caminhoneiros, como o próprio Zé Trovão.
O problema é que a Frente Parlamentar defende exatamente o contrário: que o dono do frete seja responsável por essas despesas, isentando os agricultores de novos ônus. O deputado alegou que tudo não passou de um “descuido” de sua parte, mas não convenceu.
Presidente da bancada do agro, Pedro Lupion (PP-PR) evitou polemizar em público, mas disse ter tomado providências para que armadilhas como essa não se repitam. “Isso deu uma confusão ‘monstro’ e perdemos a votação por oito votos. A partir de agora, o grupo será bloqueado no momento das decisões”, diz Lupion. Reclamações à parte, a malandragem do deputado-caminhoneiro levou à derrota da FPA: foram 181 votos para produtores pagarem os custos e 171 para que os caminhoneiros ficassem com a responsabilidade.