Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

As relações perigosas entre Gilmar Mendes e Joesley

Como magistrado, ministro do Supremo é implacável com a JBS e os irmãos Batista. Mas, em privado, a relação entre eles reúne um histórico de favores

Por Rodrigo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Daniel Pereira Atualizado em 18 dez 2017, 13h38 - Publicado em 15 dez 2017, 08h08
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O ministro Gilmar Mendes, há quinze anos no Supremo Tribunal Federal (STF), é um homem de posses muito além de seu salário de 33 700 reais. Uma de suas principais fontes de renda é o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual é sócio junto com seu filho Francisco Schertel Mendes, de 34 anos. O IDP, além de uma fonte de receita, passou a ser uma fonte de dor de cabeça para o ministro, depois que veio a público o caso da JBS e das traficâncias dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

    Isso porque, nos últimos dois anos, Gilmar e Joesley mantiveram uma parceria comercial e uma convivência amigável, a ponto de se visitarem em Brasília e São Paulo, trocarem favores, compartilharem certezas e incertezas jurídicas e tocarem projetos comuns. De 2016 a junho deste ano, a JBS transferiu 2,1 milhões de reais para o IDP em patrocínios que nem sempre foram públicos. Os valores de patrocínios de empresas iam parar, por vezes, na conta pessoal de Gilmar Mendes. É o que revela uma das mensagens obtidas por VEJA, que na edição desta semana traz mais detalhes sobre a relação entre o juiz e o empresário.

    Em entrevista na reportagem, o ministro Gilmar Mendes disse que Joesley Batista quis conhecê­-lo após um pedido de patrocínio ao seu instituto. Ele admite ter encontrado o empresário algumas vezes, mas garante que a relação nunca ultrapassou os limites éticos.

    Patrocínio

    A última reunião entre Gilmar Mendes e Joesley Batista ocorreu em 1º de abril, quando foram gravadas as imagens que ilustram a abertura desta reportagem. Durante meia hora, Gilmar e Joesley, junto com Dalide e Assis, conversaram na sede do IDP sobre um processo de interesse da JBS em julgamento no Supremo, relativo ao Funrural, um fundo para o qual o setor agropecuário é obrigado a contribuir. Àquela altura, Joesley já perambulava pelos gabinetes de Brasília com um gravador no bolso. O ministro desconfia que, numa armadilha montada pela Procuradoria-Geral da República, a conversa tenha sido gravada. Se foi mesmo, até hoje a fita não apareceu. Em 13 de junho, depois da explosão da delação dos irmãos Batista, o IDP decidiu encerrar unilateralmente o contrato. O motivo: não poderia “ignorar os fatos noticiados pela imprensa”. É uma decisão curiosa, no fundo. Há diversos institutos e veículos de comunicação — VEJA inclusive — que continuam suas relações comerciais com a JBS, recebendo patrocínio em eventos e veiculando anúncios publicitários da empresa. Trata-se de uma relação comercial transparente e pública. Quem parou de fazê-lo agora, como ocorreu com o IDP, abre espaço para a suposição de que, antes da delação, tinha com a JBS alguma relação subterrânea, de natureza extracomercial, e não a relação convencional e aberta. Se o patrocínio era perfeitamente legítimo, com propósito lícito e correto, por que a empresa deveria sumir da divulgação de eventos e anúncios?

    Nesta segunda-feira, o advogado Francisco de Assis e Silva, da J&F, encaminhou a seguinte carta à Redação:

    A respeito da reportagem “O Juiz e o Empresário”, publicada nesse Portal, o texto não esclareceu devidamente que a J&F é, certamente, um dos grupos empresariais que mais investiu, na história do país, em marketing, publicidade e apoio a atividades sociais, culturais e educacionais. Essa é, aliás, uma das explicações para o sucesso de suas marcas e de seus produtos. Isolar uma única de suas iniciativas sem considerar o contexto não é correto nem justo.

    Continua após a publicidade

    Supor que patrocínios embutem contrapartidas sub-reptícias seria lançar suspeita igual sobre reportagens não só da revista Veja como de todos os grandes veículos de comunicação do país. Um despropósito inaceitável e inexistente, como a própria direção de Veja pode confirmar.

    O terreno a que se refere a reportagem já estava arrendado à empresa rural do sr. Francisco Mendes muito antes de pertencer à JBS — e antes de o senhor Gilmar Mendes se tornar ministro. Nunca foi um favor. O arrendamento sempre foi pago a preços de mercado.

    Teletransportar fatos antigos — lícitos e justificáveis — para o ambiente confuso de hoje é uma tentativa obliqua de reescrever a história.

     

    Assine agora o site para ler na íntegra esta reportagem e tenha acesso a todas as edições de VEJA:

    capa-2561

    Ou adquira a edição desta semana para iOS e Android.
    Aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no Go Read.

     

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.