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Banco Central só acha 1.000 reais na conta de Maristela Temer

O juiz federal Marcelo Bretas determinou o bloqueio de R$ 3,2 milhões da filha do ex-presidente

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 26 mar 2019, 16h59 - Publicado em 26 mar 2019, 16h30
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  • O Banco Central (BC) encontrou 1.217,15 reais na conta de Maristela Temer, filha do ex-presidente Michel Temer. O emedebista teve 8,2 milhões de reais confiscados por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, que deflagrou a Operação Descontaminação, desdobramento da Lava Jato. O magistrado havia ordenado o sequestro de 3,208 milhões de reais de Maristela e 62 milhões de reais do ex-presidente.

    Temer é suspeito de liderar um esquema de corrupção há mais de 40 anos e de receber 1 milhão de reais em propinas das obras da usina de Angra 3. A Operação Lava Jato suspeita que parte do dinheiro foi lavado em reforma da residência de Maristela. A defesa de Temer nega que ele ou a filha tenham cometido qualquer irregularidade e classificou a prisão do ex-presidente como “uma barbaridade”.

    Temer foi preso na quinta-feira, 21, quando saía de sua casa em São Paulo. Nesta segunda-feira, 25, o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), mandou soltar o ex-presidente e todos os presos da Descontaminação. Temer deixou a prisão no Rio e retornou para sua residência em São Paulo, onde chegou no final da noite.

    A investigação contra Temer e seus aliados é decorrente da Operação Radioatividade, que mirou um esquema de cartel, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e fraudes à licitação na construção da usina nuclear de Angra 3.

    A Descontaminação apura supostos pagamentos ilícitos feitos por determinação do empreiteiro José Antunes Sobrinho, ligado à Engevix, para “o grupo criminoso liderado por Michel Temer, bem como de possíveis desvios de recursos da Eletronuclear para empresas indicadas pelo referido grupo”.

    Segundo o Ministério Público Federal, a empresa Argeplan, do coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, “participou do consórcio da AF Consult LTD, vencedor da licitação para a obra da Usina Nuclear de Angra 3, apenas para repassar valores a Michel Temer”.

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    A Procuradoria aponta que a AF Consult do Brasil e a Argeplan não tinham pessoal e expertise suficientes para a realização dos serviços, e, por isso, houve a subcontratação da Engevix.

    No curso do contrato, destaca a investigação, o coronel Lima solicitou ao sócio da empresa Engevix o pagamento de propina em benefício de Michel Temer.

    A Lava Jato relata que a propina foi paga no final de 2014 com transferências totalizando 1,91 milhão de reais da empresa da Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica, controlada pelo coronel Lima.

    Na decisão que mandou bloquear valores dos investigados da Descontaminação, Marcelo Bretas relatou que, segundo a Eletronuclear, “o valor original do contrato da usina nuclear de Angra 3 era de 162.214.551,43 de reais (março de 2011)”. Foram pagos a Engevix 30.777.701,49 de reais, à AF Consult Brasil, 10.859.075,15 de reais, e à AF Consult, 13.092.418,24 de reais.

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    “Presentes os pressupostos e as circunstâncias autorizadoras, determino o sequestro/arresto dos bens móveis e imóveis (medidas assecuratórias)”, ordenou Bretas.

    O magistrado mandou confiscar 62.595.537,32 de reais de Temer, do escritório Temer Advogados Associados e da empresa Tabapuã Investimentos e Participações – controlada pelo ex-presidente.

    Na conta do escritório, o BC não encontrou valores. Já na conta da Tabapuã foram bloqueados 491.889,14 reais.

    Marcelo Bretas ordenou um total de quarenta confiscos de valores que variam entre 2.182.951,00 de reais e 62.595.537,32 de reais.

    O juiz autorizou “a Cooperação Internacional para o bloqueio dos valores no exterior, no montante de até 23.901.101,30 de reais, mantido em nome de Ana Cristina da Silva Toniolo”, filha do ex-presidente da Eletronuclear, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva.

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