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Bolsonaro desconversa sobre assinar premiação para Chico Buarque

Ao ser questionado sobre diploma do Prêmio Camões, presidente afirma que ‘até 31 de dezembro de 2026, eu assino’; músico e escritor é desafeto do presidente

Por Da Redação Atualizado em 9 out 2019, 11h34 - Publicado em 9 out 2019, 11h08

O presidente Jair Bolsonaro deixou em dúvida na noite de terça-feira 8 se vai ou não assinar o diploma que será entregue ao músico e escritor Chico Buarque pela conquista do Prêmio Camões, a mais importante condecoração literária em língua portuguesa. Ele foi escolhido vencedor pelo conjunto de sua obra.

“É segredo. Chico Buarque?”, disse ao ser questionado por jornalistas na chegada ao Palácio da Alvorada. “Eu tenho prazo? Até 31 de dezembro de 2026, eu assino”, respondeu, fazendo alusão a um segundo mandato, já que o seu atual termina em dezembro de 2022. Chico Buarque ainda não se posicionou sobre a polêmica.

Pelas regras da premiação, os governos brasileiro e português pagam cada um 100 mil euros (o que equivalente a cerca de R$ 450 mil). A parcela do Brasil já foi depositada em junho. A questão pendente – e que divide o governo – é Bolsonaro assinar o diploma para um artista que considera seu desafeto político por criticar abertamente o seu governo e apoiar ostensivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – em setembro deste ano, ele visitou o petista na prisão em Curitiba e pediu a sua libertação.

Em setembro, a organização do 8º Festival de Cinema do Brasil, de Montevidéu, disse ter recebido instrução da embaixada do Brasil no Uruguai para não exibir o documentário Chico: Artista Brasileiro, sobre o compositor. A embaixada divulgou ter feito apenas “sugestões” sobre a programação do festival quando uma lista de filmes foi enviada pelos organizadores.

O Prêmio Camões foi instituído em 1989 por Brasil e Portugal. De acordo com o Ministério da Cultura de Portugal, a escolha reconhece anualmente “escritor cuja obra contribua para a projeção e o reconhecimento da língua portuguesa”.

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Chico Buarque, 74 anos, estreou como escritor de ficção em 1974, com a novela Fazenda Modelo. Em 1979, publicou o livro infantil Chapeuzinho Amarelo. O primeiro romance, Estorvo, foi lançado em 1991. Quatro anos depois lançou o segundo, Benjamin. Em 2003, publica Budapeste; em 2009, Leite Derramado e em 2014, Irmão Alemão. Ele escreveu as peças de teatro Roda Viva (1968); Calabar (1972); Gota D’Água (1974), e Ópera do Malandro (1978).

O autor é o 13º brasileiro a receber o prêmio que já foi conferido, entre outros, a Raduan Nassar (2016), Ferreira Goulart (2010), Lygia Fagundes Telles (2005), e Jorge Amado (1994).  A premiação foi anunciada em maio pela Biblioteca Nacional pelas redes sociais.  O júri foi formado por Manuel Frias Martins, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e presidente da Associação Portuguesa de Críticos Literários; Clara Rowland, professora associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Antonio Cícero, ensaísta brasileiro e poeta; Antonio Hohlfeldt, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Ana Paula Tavares, poeta angolana e professora universitária em Lisboa; Nataniel Ngomane, professor da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique.

(Com Agência Brasil)

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