Bolsonaro elogia militares, mas se esquiva de comentar crise com Olavo
Em entrevista coletiva após evento, presidente se irritou com perguntas sobre divergências no governo e mortes provocadas por policiais no Rio
Durante as comemorações do Dia da Vitória, a comemoração pela vitória dos Aliados contra a Alemanha Nazista na II Guerra Mundial, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teceu elogios às Forças Armadas e defendeu a possibilidade de civis e militares trabalharem em conjunto.
“Feliz é a pátria que tem as suas Forças Armadas, que tem compromisso de lutar a qualquer preço pela liberdade e democracia”, disse, durante o discurso de cerca de quatro minutos feito durante o evento, realizado nesta quarta-feira, 8, no Rio de Janeiro.
O presidente não fez nenhuma referência à crise vivida após as desavenças públicas entre o escritor Olavo de Carvalho, ideólogo do governo, e militares. Caso mais recente, os ataques de Olavo ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, respondidos em uma dura nota do general Eduardo Villas-Bôas, ex-comandante do Exército e um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas.
Questionado sobre o assunto em entrevista coletiva, Bolsonaro se irritou. “Você não tem pergunta mais inteligente para fazer? Pelo amor de Deus, faz outra pergunta aí”. Ele voltou a se incomodar com uma pergunta sobre as mortes em operações da polícia na gestão do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). “Nessa linha vai acabar a entrevista”, ameaçou.
Sobre o decreto de porte de armas, assinado na véspera, mas detalhado nesta quarta-feira, o presidente comentou apenas sobre a amplitude da medida. “Não posso ir além da lei e tudo que poderia ser concedido por decreto fizemos e estamos cumprindo dessa forma uma manifestação popular em 2005 por ocasião do referendo em que a população decidiu pelo direito à legítima defesa”, disse.
Autódromo
No Rio, Bolsonaro também aproveitou para assinar um convênio com o prefeito Marcelo Crivella (PRB) para a construção de um novo autódromo na cidade fluminense. Localizada no bairro de Deodoro, na Zona Oeste, a obra deve ficar pronta em cerca de sete meses e será localizada no que hoje é um terreno pertencente ao Exército.
Segundo o presidente, o plano é que a nova estrutura esteja pronta com fim de sediar uma prova do circuito mundial de Fórmula 1 já em 2020. “São milhares de empregos. O setor hoteleiro feliz com toda certeza, 7.000 empregos diretos e indiretos que permanecerão para sempre, ou seja, ganha o Rio de Janeiro e ganha o Brasil… sem nenhum dinheiro público”, acrescentou.
(Com Reuters)