Diante da apatia de parte dos senadores governistas na CPI da Pandemia e visando a costuras políticas para a campanha à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro estuda trocar a liderança do governo no Senado e indicar o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). O atual ocupante do cargo é o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), responsabilizado por governistas por não ter conseguido articular a retirada de assinaturas de parlamentares para impedir a instalação da comissão de inquérito. Dominada por parlamentares oposicionistas e autodeclarados “independentes”, a CPI tem centrado sua artilharia em documentos que mostram que integrantes do governo desdenharam da oferta de vacinas contra a Covid, deram ouvidos a um “gabinete paralelo” de conselheiros e investiram massivamente recursos na promoção de um tratamento precoce ineficaz.
Interlocutores de Bolsonaro afirma que a ascensão de Davi Alcolumbre à liderança poderia garantir que cerca de 20 senadores se alinhassem ao Palácio do Planalto em votações importantes para o governo. Ex-presidente do Senado, o congressista tem boa relação com o presidente, transita em diferentes grupos e é o principal interlocutor entre senadores e o Planalto.
Também pesa em favor da saída de Bezerra o fato de ele ter sido indiciado nesta semana pela Polícia Federal após investigadores terem reunido indícios de que o senador recebeu 10 milhões de reais em propina de empreiteiras quando estava à frente do Ministério da Integração Nacional durante o governo de Dilma Rousseff. O indiciamento preocupou Bolsonaro, que teme a relação com aliados acusados de corrupção prejudique a campanha de 2022.
Bezerra Coelho informou por meio de sua assessoria que não recebeu nenhuma informação sobre troca na liderança do governo. Alcolumbre não se manifestou sobre o assunto.