O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo, 10, que as denúncias de fraudes nas eleições na Bolívia — que levaram à renúncia de Evo Morales como presidente da Bolívia — acendem um alerta para necessidade de auditorias nos pleitos. Bolsonaro aproveitou para defender o voto impresso no Brasil para evitar problemas nas eleições, uma bandeira que levanta de longa data.
“A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, contagem de votos que possam ser auditados”, afirmou Bolsonaro ao postar no Twitter uma foto cumprimentando Morales durante a cerimônia de posse em Brasília. Ele não fez nenhum ataque ao ex-presidente boliviano, que é um dos principais líderes da esquerda da América Latina. Evo e o uruguaio Tabaré Vasquez foram os únicos líderes de esquerda a comparecer na posse presidencial em janeiro.
Mais cedo, antes da renúncia, o Ministério das Relações Exteriores havia divulgado nota defendendo novas eleições na Bolívia. O comunicado diz que o Brasil recebeu com “profunda preocupação com as graves irregularidades” apontadas pela OEA (Organização dos Estados Americanos) em auditoria sobre as eleições presidenciais de 20 de outubro, cujos resultados foram divulgados hoje. O Itamaraty ainda não se posicionou após a renúncia.
Novas eleições
Evo Morales renunciou neste domingo (10) ao cargo de presidente da Bolívia. O anúncio foi feito pela televisão, em rede nacional. Mais cedo, o agora ex-presidente havia anunciado que as eleições do último dia 20, na qual fora reeleito, foram anuladas e que convocaria nova votação. A OEA apontou fraudes no pleito.
“Eu decidi, escutando meus companheiros, renunciar ao meu cargo da presidência. Por que tomei essa decisão? Para que Mesa e Camacho não sigam perseguindo meus irmãos dirigentes sindicais. Para que Mesa e Camacho não sigam queimando a casa dos governadores de Oruro e Chuquisaca”, disse durante seu discurso de renúncia. Segundo Morales, sua carta de renúncia será enviada ao Congresso nas próximas horas.
A renúncia acontece após três semanas de protestos contra sua polêmica reeleição e depois de perder o apoio das Forças Armadas e da Polícia. Pouco antes do anúncio de Morales, os chefes das Forças Armadas e da Polícia haviam pedido que ele deixasse o cargo para pacificar o país. Mais cedo neste domingo, ao menos três ministros também entregaram seus cargos.
Morales, de 60 anos, está no poder desde 2006. Ele havia vencido a reeleição em 20 outubro, em uma votação questionada. A missão da auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) detectou numerosas irregularidades, segundo um relatório divulgado neste domingo.