Após as críticas à indicação do desembargador Kassio Nunes ao Supremo Tribunal Federal (STF) se intensificarem neste fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro decidiu ir às redes sociais neste domingo, dia 4, para defender a sua decisão. Segundo o presidente, Nunes está “100% alinhado” com ele e tem perfil conservador. Como prova, escreveu que ele votará contra a ADPF 442, ação que trata da descriminalização do aborto, e que ele é colecionador de armas e “defensor da família”.
Bolsonaro ainda explicitou que a nomeação de Nunes é “completamente sem volta”. Os comentários foram feitos em resposta a um internauta que lhe pediu, em tom de ironia, para nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Supremo.
A crítica do seguidor do presidente não foi isolada. Alguns dos seus apoiadores mais ideológicos passaram o fim de semana criticando a indicação, como o escritor Olavo de Carvalho, o pastor Silas Malafaia e a ativista extremista Sara Giromini. Neste domingo, ela escreveu no Facebook que está “cansada” de defender o governo e que não reconhece mais Bolsonaro. “Não sei mais quem ele é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador”, escreveu a ativista que foi alvo de ação por injúria e ameaça contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Enquanto foi atacada por segmentos evangélicos e olavistas, a escolha por Nunes foi celebrada por parlamentares do Centrão e pela direção da OAB. Para ocupar o posto que ficará vago com a aposentadoria do decano Celso de Mello, o desembargador precisa da aprovação da maioria do Senado.
Hoje também entrou nos assuntos mais comentados do Twitter uma hashtag que chama Bolsonaro de “traidor”. Campanhas com críticas e elogios a governantes são comuns no mundo todo, mas Bolsonaro costuma se sensibilizar mais pelo debate digital promovido por seus apoiadores. Não parece ser o caso agora com a indicação de Kassio Nunes.