Citada em delação da JBS, Tereza Cristina ganha apoio de Bolsonaro
Futura ministra da Agricultura autorizou incentivos fiscais à companhia quando era secretária no MS e tinha parceria comercial com a empresa
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse neste domingo, 18, que a futura ministra da Agricultura, a atual deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), “goza de toda a confiança” de sua equipe. Confirmada há 11 dias para assumir o ministério no futuro governo, a parlamentar é investigada por transações envolvendo a JBS.
“Eu também sou réu no Supremo. Tenho que renunciar? Ela já foi julgada? É apenas um processo representado, [assim] como já fui representado umas 30 vezes na Câmara e não colou nenhuma”, afirmou Bolsonaro ao deixar a Arena Carioca 1, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, depois de acompanhar as finais do evento de jiu-jitsu Abu Dhabi Grand Slam Rio.
Em seguida, o presidente eleito acrescentou: “Sou um ser humano e posso errar. Se algum ministro tiver uma acusação grave comprovada, a gente toma uma providência. No momento, ela goza de toda a nossa confiança.”
A deputada federal foi citada por delatores da JBS em acordo de colaboração firmado no ano passado em investigação sobre incentivos fiscais concedidos pelo governo do Mato Grosso do Sul, de acordo com reportagem publicada neste domingo pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a reportagem, quando Tereza Cristina era secretária estadual de Desenvolvimento Agrário e Produção do Mato Grosso do Sul na gestão de André Pucinelli (MDB) – entre 2007 e 2014 -, ela autorizou incentivos fiscais à JBS apesar de ter um contrato comercial com a empresa, para quem arrendava uma propriedade rural em Terenos (MS).
Os delatores entregaram à Justiça documentos com a assinatura da parlamentar no período em que ela ocupava o cargo no governo. A política de incentivos fiscais, ainda de acordo com a reportagem, está no centro da investigação da Procuradoria-Geral da República que levou Pucinelli à prisão em julho deste ano.
Defesa
Os advogados de Tereza Cristina dizem que não houve irregularidade nenhuma nos documentos assinados pela futura ministra. Segundo o defensor Dorvil Afonso Vilela Neto, o ato “fundamentou-se na legislação do estado, e os processos administrativos para tanto foram analisados pelos setores técnicos” da secretaria.
Sobre a parceria comercial dela com a JBS, o advogado afirmou que “não há impedimento legal ou moral” para o ato.