Bolsonaro volta a atacar sistema eleitoral e Barroso: ‘Deve favores ao PT’
'Barroso parece um garoto mimado, que não pode ser contrariado. Será que é demais pedir eleições transparentes e democráticas?', perguntou o presidente
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar na noite desta quinta-feira, 5, o atual sistema eleitoral brasileiro e a fazer ataques ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso: “Barroso mente quando diz que o voto impresso é um retrocesso. Ele parece um garoto mimado, que não pode ser contrariado. Será que é demais pedir eleições transparentes e democráticas?”, perguntou.
Em sua tradicional live nas redes sociais, Bolsonaro evitou mencionar o duro discurso de Luiz Fux contra os ataques do governo a integrantes do STF. Mas culpou a imprensa pela reação do presidente do STF ao dizer que Fux, “lamentavelmente”, se baseava em informações mentirosas da mídia para sua nota sobre as declarações contra Barroso e a Alexandre de Moraes.
O presidente afirmou ainda que, da parte dele, não há briga com o Judiciário: “Tem verdade, e a verdade dói”. O chefe do Planalto também se disse disposto a conversar com o presidente do Supremo, desde que ele não saia falando para a imprensa o que foi conversado.
Bolsonaro afirmou ainda que Barroso tem uma relação próxima com o Partido dos Trabalhadores: “Eu não vou desqualificar o ministro Barroso, mas sabemos que ele é antagônico à minha pessoa. As posições dele quanto ao ministro é um direito que todo mundo que quiser criticar, critique. Outros que quiserem elogiar, elogiem. Sabemos que ele deve favores ao PT”, afirmou.
O presidente criticou Barroso por ter atuado na defesa do ex-guerrilheiro Cesare Battisti. O atual ministro do STF era advogado do italiano antes de ser indicado pela, na época, presidente Dilma Rousseff para ocupar uma cadeira na Corte. Bolsonaro disse que Barroso tinha a intenção de “pegar a simpatia do PT”.
Bolsonaro também mencionou o inquérito da Polícia Federal que apontou a invasão ao sistema do TSE em 2018. As provas da invasão, de acordo com o presidente, foram apagadas pelo próprio tribunal. “O TSE vinha respondendo online a todas as minhas acusações. Mas ontem (4), após a denúncia sobre o inquérito da PF, eles não rebateram. Porque não tinha o que rebater”, afirmou.
Inflação
O presidente Jair Bolsonaro disse também que reconhece o aumento dos preços dos alimentos, mas voltou a atribuir a inflação a medidas para conter a disseminação do coronavírus: “O Brasil tem problemas, sabemos das necessidade da população. Temos aí uma inflação nos alimentos que está alta. Sabemos que muita gente perdeu a sua renda. Temos um outro problema que afeta diretamente aí os produtos que consumimos vindos do campo. Tivemos uma geada atípica nos últimos dias, onde a mesma queimou parte considerável daquilo que veio do campo. A safrinha do milho. O milho afeta diretamente a carne de porco, a carne de frango e os ovos”, disse.
O presidente anunciou que o seu governo tem se debruçado sobre a questão para repor a safra de milho com a importação do produto, apesar de “problemas e ruídos e incompreensões que vêm do outro lado da Praça dos Três Poderes”.
Durante a transmissão, o chefe do Planalto voltou a distorcer decisões do Supremo Tribunal Federal sobre a responsabilidade de ações contra a pandemia da Covid-19 e disse que a Corte retirou poder decisório do Executivo. Ao contrário do que afirma Bolsonaro, a decisão do STF determinou responsabilidades concorrentes das esferas federativas: União, Estados e municípios.