O Grupo Odebrecht anunciou nesta quinta-feira, 2, que a Odebrecht Engenharia e Construção, braço do grupo baiano especializado em obras, mudou de nome e passou a se chamar OEC, informação que havia sido antecipada pela coluna Radar. A marca da construtora também foi alterada e, ao invés do vermelho tradicional da empresa, celebrizado na Operação Lava Jato, agora leva as cores cinza, verde e azul. Segundo o grupo, a OEC opera em 16 países e emprega 20.000 pessoas em cerca de vinte obras públicas e privadas.
A mudança na Odebrecht Engenharia e Construção faz parte da sequência dos planos do grupo, anunciados no fim de 2017, de alterar nomes e marcas de seus empreendimentos. Na esteira dos estragos à imagem da empresa causados pelas descobertas da Lava Jato, já haviam mudado de nome a Odebrecht Agroindustrial (rebatizada como Atvos em janeiro de 2018), a Odebrecht Óleo e Gás (Ocyan, desde janeiro de 2018) e a Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR, desde novembro de 2017). Em agosto de 2017, a petroquímica Braskem, sociedade entre a Odebrecht e a Petrobras, também teve a marca repaginada.
Ao anunciar a OEC, o grupo afirma que a empresa passou por “importantes avanços na sua governança, como a implementação de um novo sistema de conformidade, incorporação de conselheiros independentes, atualização e adoção de novas políticas e diretrizes, um processo de sucessão que promoveu uma nova geração de líderes, a assinatura de importantes acordos no Brasil e exterior e, por fim, o início de sua reestruturação financeira”.
Calcula-se que as empresas do Grupo Odebrecht tenham pago 788 milhões de dólares (3 bilhões de reais) em propinas em doze países. No fim de 2016, 77 executivos da empreiteira, incluindo Emílio Odebrecht e seu filho Marcelo, preso por dois anos e meio anos na Lava Jato, fecharam acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República e citaram pagamentos de propina e caixa dois eleitoral a cerca de 400 políticos, de presidentes da República a vereadores. Os depoimentos vieram a público em março de 2017, na apelidada “delação do fim do mundo”.
Em 2018, a Odebrecht assinou um acordo de leniência com o governo federal e se comprometeu a pagar 2,7 bilhões de reais em multas.
Em comunicado divulgado hoje, a OEC afirma que “desde que assumiu o compromisso público de combater a corrupção, a empresa criou um novo sistema mais robusto, em linha com o de empresas de capital aberto. Já foram concluídos acordos com autoridades de oito países – Estados Unidos, Suíça, Brasil, República Dominicana, Panamá, Equador, Peru e Guatemala. Outros acordos são esperados e alguns já se encontram em estágio avançado de negociações”.
Entre as obras tocadas atualmente pela empresa estão a reforma de 10,8 quilômetros da BR-316, no Pará; as construções da termelétrica de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, da termelétrica de Punta Catalina, na República Dominicana, da hidrelétrica de Laúca, em Angola, de uma linha de metrô no Panamá e de dois terminais do aeroporto de Miami.