O novo caça da Força Aérea Brasileira (FAB), o Gripen E/F, foi entregue nesta terça-feira, 10, em Linköping, na Suécia, para iniciar a fase mais difícil do projeto – durante os próximos anos, vai passar por duros testes de voo destinados a provar que o jato é capaz de realizar todas as missões de combate para as quais foi designado pela aviação militar. O evento é solene, com a presença de representantes dos governos sueco e brasileiro, entre eles o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, executivos das empresas envolvidas e pessoal técnico.
O jato 4100 é o primeiro de um lote de 36 unidades que será recebido até 2026. O contrato, no valor de 39,3 bilhões de coroas suecas, bate em 16,8 bilhões de reais, cobrindo aeronaves, transferência de tecnologia e adequação industrial. A versão F, de dois lugares, passou a ser um programa próprio, desenvolvido em conjunto pela sueca Saab e as brasileiras Embraer Defesa e Segurança (EDS), Ael Sistemas, Akaer e Atech.
A parceira com a Saab começou em 2014, durante o mandato de Dilma Rousseff (PT), mas as negociações começaram ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e envolveram a garantia de que os brasileiros teriam acesso à tecnologia sueca. As condições do acordo, entretanto, são investigada no âmbito da operação Zelotes, em que o petista é suspeito de tráfico de influência. Há 150 engenheiros no projeto do caça biposto, a maior parte deles no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen no núcleo industrial da EDS em Gavião Peixoto, na região de Araraquara (SP). O efetivo pode chegar a 400 especialistas.
A primeira meta do consórcio é criar uma aeronave a ser empregada no treinamento dos oficiais que assumirão os esquadrões equipados com os Gripen. Vai servir também para missões de ataque qualificado, de alta complexidade, que exigem, além do piloto, um artilheiro a bordo. O segundo objetivo é de médio prazo e é mais ambicioso, admitiu nesta segunda-feira, 9, um ex-integrante do programa, para quem “o gol a ser marcado é adquirir capacidade para projetar e construir no País aviões dessa classe”.
A previsão é de que a convivência da Força Aérea com o Gripen E/F se estenda além de 2060. Há planos para encomendas suplementares nos próximos anos até um total de 108 unidades – que seriam fabricadas no Brasil. O Gripen E/F talvez seja o último jato de superioridade aérea que a Força Aérea compra de fornecedor externo.
Das 36 aeronaves, 23 vão ser integradas parcialmente em Gavião Peixoto. O cronograma prevê que outros 13 jatos sejam totalmente produzidos em Linköping, com acompanhamento brasileiro. Depois, oito unidades, em parte saídas da linha de montagem sueca, serão terminadas nas instalações da EDS.
Os últimos 15 supersônicos serão integralmente construídos pelo consórcio. Uma das principais alterações determinadas pelo Comando da Aeronáutica nos originais é o WAD, uma tela grande no painel que oferece acesso fácil às informações durante as operações. Era exclusivo da versão brasileira. Os suecos gostaram. Vão incorporar aos 60 caças Gripen E/F que encomendaram da Saab.
(com Estadão Conteúdo)